O comportamento alimentar é influenciado pelo modelo de beleza imposto pela sociedade, que preconiza o corpo magro para as mulheres e o desenvolvimento da musculatura para os homens. No meio esportivo, é comum observarmos treinadores e atletas adotarem práticas dietéticas inadequadas, buscando o sucesso e a melhora no desempenho esportivo. Tais comportamentos são considerados precursores dos transtornos alimentares e acredita-se que eles acometam de 5% a 10% dos adolescentes do sexo masculino. O objetivo desta pesquisa foi relacionar o comportamento alimentar de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares com as estratégias de aprendizagem, em adolescentes atletas do sexo masculino da cidade de São Paulo. Trata-se de estudo observacional, prospectivo, transversal com delineamento amostral não probabilístico. Envolveu adolescentes atletas do sexo masculino com idade entre 10 a 19 anos incompletos, praticantes de modalidades esportivas distintas, em centros de treinamento da cidade de São Paulo. Utilizaram-se questionários auto-aplicáveis para avaliação da classificação econômica, do comportamento alimentar, da insatisfação com a imagem corporal e do uso das estratégias de aprendizagem. Utilizou-se o peso e a estatura, para cálculo do Índice de Massa Corporal. O percentual de gordura foi avaliado por dobras cutâneas. A avaliação da maturação sexual foi realizada por meio da auto-avaliação. As análises descritivas foram detalhadas por meio de números absolutos e proporções para dados categóricos. Os dados quantitativos foram apresentados pela média e desvio-padrão. Utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a distribuição dos dados; o Mann whitney para testar a heterogeneidade entre os grupos; o qui-quadrado para comparar os dados categóricos; e o test t de Student para amostras independentes. A regressão logística estimou os valores de chance e respectivos intervalos de confiança, considerando o comportamento de risco para os transtornos alimentares. A regressão linear verificou a magnitude da escala de insatisfação corporal com as respectivas variáveis independentes. Utilizou-se o Software Statistical Package for the Social Sciences para realização dos cálculos. Adotou-se nível de significância de p≤0,05. Foram avaliados 246 adolescentes, com média de idade de 13,72±2,23 anos, a maioria se encontrava nos estágios G3 e G4 de maturação sexual, eram eutróficos e pertenciam à classe econômica B. A prevalência de comportamento alimentar de risco para restrição foi de 10,6% e para compulsão 22,8%. Indivíduos com comportamento alimentar de risco para transtornos alimentares mostraram maior insatisfação com a imagem corporal. A média na pontuação da escala de estratégias de aprendizagem foi de 87,87± 9,20 pontos. Houve associação estatística entre o comportamento alimentar de risco para restrição
e compulsão alimentar, com as estratégias de aprendizagem. A prevalência do comportamento alimentar de risco para transtornos alimentares é alta, tanto para restrição quanto para compulsão alimentar. Além disso, houve relação do comportamento alimentar com a escala de estratégia de aprendizagem, sugerindo que o repertório de estratégias de aprendizagem pode exercer fator de proteção contra o desenvolvimento das alterações alimentares. Os adolescentes em sobrepeso e os obesos, apresentaram maior possibilidade de desenvolver compulsão e os eutróficos restrição alimentar, não se encontrando associação entre a estratégia de aprendizagem e desenvolvimento puberal.