As técnicas de conservação de fertilidade, bem como de tecidos ovarianos, avançaram em diversos aspectos com o objetivo de melhorar as taxas de sucesso, contudo ainda existem dois obstáculos, o primeiro relacionado ao difícil acesso aos equipamentos e ferramentas necessárias que dependem de estrutura básica para aplicação e o segundo com relação ao dano que é sempre causado ao órgão na doadora nas coletas. Visando isso, esse trabalho buscou alternativas para essas duas questões e, por isso, foi dividido em duas etapas. A primeira etapa teve como objetivo testar o tempo que o ovário bovino resiste à refrigeração em geladeira comum (5ºC) em três diferentes tempos, trazendo oócitos ainda viáveis para maturação citoplasmática in vitro, possibilitando prolongamento do intervalo entre a coleta e processamento em laboratório. Para isso foram testados quatro grupos: grupo controle sem refrigeração; refrigeração a 12h; refrigeração a 24h; refrigeração a 36h, cada grupo com 20 ovários de abatedouros imersos em solução salina a 0,9%. Os ovários também foram processados para análise histológica. Os resultados mostraram quantidade satisfatória de oócitos ainda viáveis e quantidade de folículos preservados nos grupos controle e 12h, apresentando diferença estatísticas para os demais grupos, podendo a refrigeração ser utilizada até esse tempo limite sem trazer malefícios. A segunda etapa do trabalho teve como objetivo analisar se a coleta de tecido ovariano com menor dano possível, por meio de biópsia com agulha Tru-cut em videolaparoscopia, recupera material suficiente para análises de folículos pré-antrais. Para essa etapa foram realizados ensaio in vitro e in vivo. A etapa em laboratório foi realizada com ovários bovinos de abatedouro e foram feitas análises histológicas para estudo de morfologia dos folículos, quantidade, densidade folicular, etapa da foliculogênese, taxa de degeneração quando refrigeradas a 5ºC por 0, 12 e 24h e mensurações da amostra como comprimento e área recuperada. A etapa em animal vivo foi realizada com animais bubalinos por videocirurgia em 5 animais e as mesmas análises e processamentos foram utilizadas, exceto a de refrigeração. Na etapa in vitro em todas as amostras foi possível realizar as análises propostas, não havendo diferença significativa entre os indivíduos, mostrando que a técnica traz material suficiente para esses estudos. Nos testes in vivo a taxa de recuperação com sucesso foi de 60%, o que pode estar relacionado com o aperfeiçoamento da prática videocirúrgica, pois houve diferença significativa entre os tamanhos das amostras entre os ensaios. Com isso, essa tese trouxe resultados importantes para contornar os obstáculos ainda encontrados nos estudos de conservação e preservação de tecido reprodutivo.