Devido à sua alta atividade biodegradativa de matéria orgânica, os manguezais são
importantes áreas de sequestro de carbono, estocados na biomassa, tanto acima, quanto
abaixo do solo. A produtividade do sistema está intrinsecamente relacionada à dinâmica
de sua serapilheira. O objetivo desse estudo foi quantificar o estoque de carbono na
biomassa aérea de florestas de mangue com diferentes estágios de crescimento, bem como
avaliar a contribuição anual da produção de serapilheira para tal estoque. A área de estudo
abrange as florestas de mangue localizadas no entorno da Laguna de Itaipu, Niterói, RJ.
A estrutura foi avaliada a partir de dados de diâmetro e altura dos fustes em parcelas
demarcadas em cinco subáreas com diferentes idades: 1, 2, 8, 15 e 30 anos,
aproximadamente. A biomassa foi calculada pelo método alométrico, seguindo equações
desenvolvidas para cada espécie. Durante o período de um ano, foi coletada a serapilheira
produzida por indivíduos de Rhizophora mangle, Avicennia schaueriana e Laguncularia
racemosa, nas mesmas cinco subáreas. As amostras foram separadas nos compartimentos
folha, flor, propágulo e galho para as medições em laboratório. O DAP e a altura das
árvores foram maiores de acordo com os estágios de desenvolvimento mais avançados.
Nas subáreas mais jovens, houve heterogeneidade entre as três espécies e nas subáreas
mais desenvolvidas, observou-se uma homogeneidade entre as espécies A. schaueriana e
L. racemosa, sendo esta dominante. A biomassa média das subáreas foi de 10,07 ton/ha
em M1, 44,56 ton/ha em M3, 97,88 ton/ha em M4 e 176,35 ton/ha em M5. O estoque de
carbono na biomassa aérea foi de 4,43 tC/ha em M1, 19,63 tC/ha em M3, 43,07 tC/ha em
M4 e 77,6 tC/ha em M5. A produção anual de serapilheira foi de 0,58 e 0,48 t.ha-1
.ano-1
nas duas subáreas de plantio, e de 0,73, 0,89 e 1,18 t.ha-1
.ano-1
nas três subáreas naturais.
O principal compartimento vegetal foram as folhas, seguidas dos propágulos, galhos e
flores. A produção atingiu o pico no verão, diminuindo no outono e inverno, indicando
sazonalidade. A dinâmica da serapilheira nas florestas de mangue de Itaipu mostrou-se
sazonal e, aparentemente, resulta também da dinâmica hidrológica da área e das
diferenças de idade, sendo relativamente mais estável onde o manguezal é mais
desenvolvido e estabelecido há mais tempo.