Ao considerar os impactos ambientais causados pela construção civil e pela indústria na
produção de tijolos cerâmicos, percebe-se que além da utilização de recursos naturais, sua
produção tem impacto considerável na emissão de gases na atmosfera na etapa de queima. Pelo
processo de fabricação do bloco de solo-cimento não necessitar de queima, evita-se a emissão
de gases poluentes. Outra questão é a possibilidade de aproveitamento de resíduos sólidos de
outros processos que geram danos ambientais. Dentro deste contexto, o consumo do coco
(cocos nucifera) gera um resíduo que quando descartado ou queimado, pode criar problemas
para o meio ambiente. Objetivou-se com o presente estudo, avaliar as propriedades mecânicas
do tijolo de solo-cimento com adição de fibra de coco em pó. Foram utilizadas como matériasprimas um solo areno-argiloso, cimento CPV, areia fina proveniente de leito de rio lavada e
fibra de coco em forma de pó. Amostras de solo coletadas em dois pontos diferentes foram
caracterizadas por meio de análise granulométrica, determinação dos limites de Atterberg e
ensaio de compactação, seguindo as normas vigentes. Foram analisadas diferentes proporções
de incorporação de fibra de coco em pó: 0% (referência), 5%, 10% e 15% em relação ao peso
do solo. Para a fabricação dos tijolos foi utilizado como traço de referência em massa de 10:1
(solo:cimento), onde posteriormente o solo foi substituído pelas diferentes porcentagens de
fibra de coco em pó. O tijolo foi moldado em prensa hidráulica com pressão de compactação
de 6 toneladas, compactando a mistura no molde com medidas 30 cm x 15 cm x 7,5 cm e
posteriormente passou pelo processo de cura ambiente. Foram realizados testes de resistência à
compressão nas seguintes idades: 7, 21 e 28 dias de cura e absorção de água após os 28 dias de
cura. A caraterização do solo utilizado mostrou uma composição de 34,30% de argila e 62,80%
de areia, sendo assim pode ser classificado como um solo areno-argiloso e a fibra de coco em
pó foi caracterizada como um agregado fino. A caracterização tecnológica dos tijolos após os
ensaios mecânicos mostrou uma queda nos valores médios de resistência mecânica a
compressão conforme aumentou a incorporação de fibra de coco aos tijolos. Os valores obtidos
aos 28 dias, na resistência mecânica a compressão final média ficaram abaixo do valor médio
determinado pela norma de solo-cimento vigente. Percebeu-se, por meio do ensaio de absorção
de água, que a absorção de água do tijolo aumentou conforme o aumento da quantidade de fibra
incorporada. Sendo assim, os tijolos com 0% de fibra (média de 19,20%) e 5% de fibra (média
de 21,40%) atenderam a norma vigente. Porém os tijolos com adição de 10% de fibra (média
de 27,33%) e 15% (média de 24,63%) não atingiram os valores admitidos pela norma.
Concluiu-se que, apesar dos resultados da resistência mecânica a compressão e alguns de
absorção de água se apresentarem em desacordo com a norma técnica brasileira, a comparação
com os valores de referência mostrou que a oscilação pela incorporação da fibra é pequena e
previsível, assim pode-se inferir que com a melhora da mistura de referência, pode-se chegar a
tijolos dentro dos valores normativos.