INTRODUÇÃO: vivencia-se uma mudança no processo de ensino e aprendizagem na educação médica. No passado, era pautado no uso de metodologias tradicionais e, nos últimos anos, em um modelo mais contemporâneo, baseado em competências. Dentro desse contexto, valoriza-se a adoção de métodos que estimulem a participação efetiva do aluno, denominados de metodologias ativas, e, dentre esses, está o método da simulação. OBJETIVO: o presente estudo investigou o uso da Simulação em Programas de Residência Médica (PRM) de Obstetrícia e Ginecologia (GO) e, mais especificamente, apreendeu o papel atribuído pelos supervisores à Simulação Clínica (SC) na formação do residente em Obstetrícia e Ginecologia no município de São Paulo (SP); analisou a utilização da Simulação Clínica como estratégia de ensino na formação do tocoginecologista na Residência Médica; mapeou as facilidades e as dificuldades para a inserção da Simulação Clínica nos Programas de Residência Médica de Obstetrícia e Ginecologia; bem como apresentou sugestões para o aprimoramento do uso desse tipo de simulação nesses programas. METODOLOGIA: adotou-se uma abordagem qualitativa, transversal, de natureza exploratória e descritiva. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com dez supervisores dos Programas de Residência Médica de Obstetrícia e Ginecologia do Município de São Paulo. Para a análise das entrevistas foi realizada a análise de conteúdo na modalidade temática e partiu-se de três núcleos: o papel da simulação nos Programas de Residência Médica de Obstetrícia e Ginecologia; o contexto de realização da simulação nesses programas; os fatores facilitadores e/ou dificultadores da inserção da simulação nos programas com sugestões de uso da Simulação Clínica. RESULTADOS: quanto ao papel da simulação nos Programas de Residência Médica de Obstetrícia e Ginecologia, no município de SP, surgiram as seguintes categorias: ferramenta complementar para o processo de ensino e aprendizagem; possibilidade de um ambiente de ensino e aprendizagem seguro; possibilidade de aprendizagem a partir do erro; suporte para prática profissional comprometida com a segurança do paciente; cenário de aprendizagem para o trabalho de equipe; cenário de reflexão sobre o processo de trabalho em Obstetrícia e Ginecologia; favorecimento na tomada de decisão; cenário de processos avaliativos na residência; e, por fim, estímulo à participação dos residentes nas atividades. Quanto ao contexto de realização da simulação, encontrou-se: utilização em diferentes ambientes; heterogeneidade de inserção da simulação nos Programas de Residência Médica; utilização de diferentes tipos de simuladores; e utilização de diferentes estratégias para a inserção curricular da simulação. Quanto às facilidades, salientam-se: a Simulação Clínica como parte do projeto institucional; a presença de estrutura física destinada ao ensino; o envolvimento ativo dos preceptores no processo de ensino e aprendizagem; e a participação ativa dos residentes na organização dos treinamentos. Como dificuldades, citam-se: a estrutura inadequada para realização da Simulação Clínica; os entraves decorrentes da gestão pública; a sobrecarga de atividades assistenciais; a dificuldade para oportunizar o treinamento para todos os residentes de maneira uniforme; o distanciamento entre a equipe que ministra a teoria e a equipe da prática assistencial; e a ausência de parcerias privadas. CONSIDERAÇÕES FINAIS: os supervisores reconhecem a Simulação Clínica como uma ferramenta pedagógica potente no aprendizado dos médicos residentes em Obstetrícia e Ginecologia. No entanto, utilizam a simulação de maneira incipiente, geralmente, em treinamentos de habilidades da especialidade, o que ocorre de maneira pontual e aleatória. Os
residentes são considerados grandes aliados na organização e no desenvolvimento dos treinamentos com Simulação Clínica. Apesar de alguns supervisores almejarem por manequins de alta tecnologia para o desenvolvimento desse tipo de simulação, acredita-se que o principal fator transformador seja a busca por alternativas que só a criatividade humana pode trazer, o que significa acreditar na capacidade humana de reinvenção, de superação de obstáculos e de perseverança para, possivelmente, incorporar o uso da Simulação Clínica nos Programas de Residência Médica de Obstetrícia e Ginecologia.