Foram realizados dois estudos objetivando ajustar protocolos de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) para incrementar a prenhez por IA (P/IA) de touros Nelore de menor fertilidade e predizer a fertilidade a campo de touros Holandês. No primeiro estudo, vacas Nelore (n = 1133) foram submetidas a um protocolo de IATF, iniciando no Dia -10, com a inserção de um dispositivo intravaginal de progesterona (P4, 1,0 g) e aplicação de benzoato de estradiol (BE, 2,0 mg). No Dia -2, o dispositivo de P4 foi removido e as vacas receberam cloprostenol sódico (PGF, 0,5 mg), eCG (300 UI) e cipionato de estradiol (CE, 1,0 mg). No Dia -0,5 ou 0 as vacas foram submetidas aos tratamentos com GnRH (G- 16 = GnRH 16 h antes da IA ou G0 = GnRH na AI). No Dia 0 as vacas foram inseminadas e distribuídas no tratamento de categoria de fertilidade de touros [A = uma dose de sêmen de touro de fertilidade mais alta (n = 3); B1 = uma dose de sêmen de touro de fertilidade mais baixa (n = 3); B2 = duas doses de sêmen de touro B (n = 3)]. Além disso, foi realizado o teste de ligação espermática em agregados de células do oviduto. Foi utilizado sêmen de touros A (n = 3) e B (n = 3) da raça Nelore. Para isso, foram coletados tratos reprodutivos de vacas em abatedouro e utilizou-se a região do istmo do oviduto para coletar as células no laboratório. As células foram cultivadas por 24 h para a formação de agregados celulares, seguindo por coincubação com espermatozoides por 36 h. A motilidade espermática foi avaliada pelo sistema CASA e a integridade das membranas foi avaliada por microscopia de fluorescência e citometria de fluxo. A fertilidade dos touros A e B foi semelhante (P > 0,10), independente do ajuste do momento da ovulação com GnRH e do número de doses de sêmen. Entretanto, apesar de a P/IA das vacas inseminadas com touros A ter sido similar independente do ECC das vacas, vacas de ECC < 3,0 tiveram menor P/IA quando inseminadas com touros B [ECC < 3,0: 50,5% (166/329); ECC ≥ 3,0: 60,6% (254/419); P < 0,05]. O número de espermatozoides ligados por mm de agregado celular não diferiu em 0,5 h (P = 0,10), mas em 12 h, 24 h e 36 h houve maior número de espermatozoides/mm de touros A (P > 0,05). Espermatozoides A tiveram maior motilidade total e progressiva do que espermatozoides B. As características de membranas analisadas não diferiram entre os touros. No segundo estudo, foi utilizado sêmen de touros A (n = 3) e B (n = 4) da raça Holandês. Avaliou-se o número de espermatozoides/mm de agregado celular. Além disso, a motilidade espermática foi avaliada pelo CASA e a integridade das membranas espermáticas por citometria de fluxo. Com 0,5 h de coincubação houve tendência para maior número de espermatozoides A ligados por mm de agregado, e a partir de 12 h de coincubação a ligação de espermatozoides nos agregados foi maior para A. Com 24 h e 36 h o número de espermatozoides ligados por agregado foi mantido, sendo maior para espermatozoides de touros A, e com 36 h houve uma alta correlação entre a fertilidade de campo e o número de espermatozoides ligados por mm de agregado (r = 0,89). Dos padrões de motilidade avaliados pelo CASA, apenas a velocidade retilínea foi maior para touros A. Das características de membranas espermáticas analisadas, touros B tiveram maior porcentagem de células com membranas plasmática e acrossomal íntegras (80,3% vs. 74,5%; P = 0,01) e maior potencial mitocondrial de células com membrana plasmática íntegra (P = 0,004). Sendo assim, o ECC das vacas, tempo de ovulação e características espermáticas influenciaram a fertilidade a campo de touros. Associadas às análises convencionais de motilidade e integridade de membranas espermáticas, a menor capacidade de se ligar às células do oviduto pode ser a causa da menor fertilidade de touros B, possibilitando o uso da técnica pela indústria como uma nova estratégia de predição da fertilidade a campo de touros.