A esquistossomose é uma doença que afeta aproximadamente 200 milhões de pessoas em todo o mundo. É considerada uma das Doenças Tropicais Negligenciadas, está em segundo lugar dentre estas, perdendo apenas para a malária em morbidade. A esquistossomose mansônica é uma parasitose veiculada na água, ocasionada pelo trematódeo S. mansoni e tem como hospedeiro intermediário moluscos do gênero Biomphalaria. O controle dos caramujos tem sido proposto como uma medida para reduzir e interromper a transmissão da doença, complementar a outras estratégias, focalizadas principalmente no tratamento populacional em larga escala. Parte deste estudo focou em apresentar uma análise sistemática dos trabalhos científicos publicados sobre o controle biológico de Biomphalaria spp., hospedeiros intermediários da esquistossomose, apresentando desafios e perspectivas futuras. Quarenta e sete artigos no total foram analisados, no período de 1945 a 2021. Os países com destaque de publicação foram: França (08 artigos), Brasil (08 artigos), EUA (06 artigos), e Egito (06 artigos). Sendo a predação o principal tipo de controle biológico utilizado. A década com o maior número de estudos entre 2010-2019 com 14 artigos, enquanto que o período de 2010 a 2019, foi utilizada uma maior diversidade de agentes de controle biológico. Estes últimos, como mencionado acima, particularmente fungos e bactérias, têm atraído a atenção dos pesquisadores nos últimos dez anos. Estes agentes microbianos podem funcionar como agentes disruptores fisiológicos, reprodutivos e/ou epigenéticos que podem manipular e/ou influenciar a dinâmica da interação entre Biomphalaria e Schistosoma. Este estudo também deu ênfase a análise experimental de um agente de controle biológico, com objetivo de avaliar os efeitos de Metarhizium anisopliae s.l. CG 347 contra Biomphalaria glabrata. Os caramujos infectados pelo S. mansoni foram expostos por 24 horas ao fungo e analisados quanto aos seguintes aspectos: sobrevivência dos caracóis, impacto do tratamento de M. anisopliae na eliminação de cercárias, número de hemócitos circulantes na hemolinfa e histopatologia. Os caramujos não infectados e tratados com fungos foram analisados quanto a: sobrevivência, concentração total de proteínas na hemolinfa e na glândula digestiva, e número de hemócitos circulantes na hemolinfa. Não houve morte dos moluscos após o período de tratamento, mas foi observada uma redução de 20% do conteúdo total de proteínas na hemolinfa quando comparado ao controle da água. A eliminação de cercárias de S. mansoni foi um parâmetro impactado, com redução de 32,7% quando os moluscos foram tratados com M. anisopliae. O grupo infectado apresentou menor número de hemócitos e o grupo infectado e exposto a M. anisopliae. Em relação à histopatologia dos moluscos, os grupos UNI + MA e INF + MA, apresentaram o fungo no interior dos seguintes órgãos esôfago, estômago e intestino. Este estudo abordou o primeiro relato de redução da eliminação de cercárias de S. mansoni após tratamento de B. glabrata usando um fungo entomopatogênico, o M. anisopliae. Contudo, são recomendáveis novas análises com maior período de exposição e diferentes propágulos fúngicos. Contudo, contribuímos fornecendo informações que contribuem para fomentar o controle biológico, alternativo e sustentável da transmissão da esquistossomose. Sendo este fungo, um possível agente promissor de controle biológico que pode contribuir para limitar a transmissão da esquistossomose.