Introdução: A transfusão de sangue constitui intervenção terapêutica de reconhecido
benefício ao prognóstico de pacientes com diferentes agravos à saúde. Contudo,
existem riscos latentes decorrentes da intervenção, capazes de culminar em eventos
adversos. Para maior acurácia e segurança na administração de concentrados de
glóbulos vermelhos (CGV) há possibilidade de utilização de bombas de infusão por
seringa (BIS). Contudo, existem lacunas no conhecimento quanto ao efeito de BIS em
CGV, em especial, no que tange a possibilidade de hemólise. Objetivos: Verificar e
comparar níveis de marcadores bioquímicos e grau de hemólise em CGV
administrados por BIS de diferentes marcas e velocidades de infusão, bem como em
relação a dispositivos de controle manual de fluxo. Materiais e Métodos: Estudo
experimental desenvolvido em laboratório, sob condições controladas. Os
experimentos foram realizados de modo randômico com 16 unidades de CGV, nove
BIS de três marcas (A, B e C) e nas velocidades de infusão 10 e 100 mL/h.
Posteriormente foi realizada uma análise secundária de dados para comparação com
dispositivos manuais (gotas e microgotas). Foram estudados os marcadores
hemoglobina total (g/dL), hematócrito (%), hemoglobina livre (g/dL), potássio
(mmol/L), lactato desidrogenase (U/L), osmolalidade (mOms/kg), pH e grau de
hemólise (%). Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e
inferencial (p≤0,05). Resultados: Os níveis de hemoglobina total diminuíram (Pré-
Infusão 26,44±5,74g/dL; Pós-Exposição 22,62±4,00 g/dL; p=0,026) e o grau de
hemólise aumentou cerca de 40% (p=0,005) nas amostras de CGV analisadas após
a infusão nas BIS. A BIS A causou um aumento três vezes maior (p=0,015) nos níveis
de potássio, quando comparada as BIS B e BIS C, sendo também verificado aumento
dos níveis de hemoglobina livre (p=0,038) e hemólise (p=0,033). Houve maior
proporção do grau de hemólise (p=0,004) na taxa de infusão de 100 mL/h. Houve
diferenças na comparação entre BIS e dispositivos manuais de fluxo, com redução
nos níveis de hemoglobina total (p=0,048) e aumento dos níveis de potássio (p=0,034)
em BIS e aumento da hemoglobina livre (p=0,032) nos dispositivos manuais.
Conclusão: Os CGV administrados por BIS apresentaram alterações nos níveis de
hemoglobina livre, potássio e no grau de hemólise. As marcas das BIS e a velocidade
de infusão influenciaram a variação dos indicadores de hemólise estudados. Houve
diferenças na comparação entre BIS e dispositivos manuais na infusão de CGV. Os
dispositivos de controle manual de fluxo apresentaram aumento nos níveis de
hemoglobina livre e grau de hemólise, principalmente na velocidade de 10 mL/h.