Objetivou-se avaliar o estresse térmico de rebanhos leiteiros a pasto no
2 município de Sena Madureira-Acre, na Amazônia Ocidental, e qual seu efeito no
3 conforto/desconforto nessas condições. Além disso, analisou-se a relação entre
4 ambiente, conforto e estresse térmico calórico, com a mastite clínica e subclínica. O
5 estudo foi realizado dentro do período de inverno amazônico entre os meses de janeiro
6 a março de 2020. Um questionário contendo 387 questões divididas em tópicos:
7 caracterização do produtor e da propriedade (23 questões), caracterização do rebanho
8 (11) e caracterização da produção de leite (353), foi aplicado com o intuito de se
9 realizar um diagnóstico de cada um dos sistemas de produção. Os dados coletados
10 foram: imagens termográficas, aferição da temperatura corporal por meio de
11 termômetro infravermelho de mira a laser da vista lateral de todo o corpo - direito e
12 esquerdo, cabeça (olhos, focinho) e úbere; parâmetros fisiológicos (temperatura retal,
13 frequência respiratória e frequência cardíaca); as variáveis ambientais (temperatura de
14 bulbo seco, bulbo úmido, temperatura do globo negro, temperatura ambiente e
15 umidade relativa do ar temperatura máxima e mínima na pastagem e curral, umidade
16 relativa do ar), índices de conforto térmicos (ITU, ITGU, CTR). Foram realizados teste
17 da caneca de fundo preto e Califórnia Mastite Test - CMT visando o diagnóstico de
18 mastite clínica e subclínica. Todo o processamento foi realizado em linguagem de
19 programação R, no qual, os parâmetros foram avaliados por modelos lineares. Os
20 parâmetros que sofreram influência dos meses e das propriedades foram avaliados pelo
21 teste de Tukey ao nível de 5% de significância, com auxílio do pacote agricolae.
22 Resultados demonstraram que na avaliação dos termogramas obteve-se temperaturas
23 superficiais do úbere de: 38,39ºC na propriedade A, enquanto na B, C e G foram de
24 38,28, 38,66 e 39,37ºC respectivamente, havendo, assim, diferença significativa
25 (p<0,05), entre os meses das mensurações. Os resultados para os índices de conforto
26 foram: ITU nas propriedades C e H, 67,1 (fevereiro) e 69,6 H (março) respectivamente,
27 demonstrando que tais animais se encontram na zona de conforto térmico (ZTC). Nas
28 propriedades A, B, D, E e F os resultados variaram entre 71,01 a 77,48, onde os
29 animais encontravam-se em zona de alerta; na G nos meses de janeiro e fevereiro
30 (79,02 a 79,38) animais se encontravam na zona considerada de perigo. Em relação ao
31 ITGU para as propriedades A e B (73,34 e 73,04) em janeiro; C e D em fevereiro
32 (69,29 e 71,88) e março (73,02 e 71,88), os animais encontravam-se na zona de
33 conforto. Entretanto as mesmas propriedades, em outros meses apresentaram situação
34 crítica, com índices variando entre 74,14 e 75,69. Além disso, a propriedade F em
35 fevereiro (78,76) e a G em janeiro (78,08) e março (78,32) apresentaram situação de
perigo. Já a CTR nas propriedades B (510 W.m-
²), F (522 W.m-
²) e G (523 W.m36 ²), H
(565 W.m37 ²) apresentaram carga térmica radiante elevada. Para a mensuração da
38 temperatura do úbere por meio da imagem termográfica, constatou-se que 83 (73,4%)
39 vacas apresentaram temperatura igual ou superar (39,3ºC). sendo que 53 (63,8%) delas
40 foram positivas pelo teste CMT e 30(36,14%) negativas. Os resultados do CMT
41 mostraram que 58 (51,3%) vacas encontravam-se com mastite subclínica, sendo que
42 29 (25,6%) encontravam-se na propriedade H. Concluiu-se que a termografia
43 infravermelha como técnica de triagem não invasiva foi significativa a temperatura do
44 úbere e o CMT. O ambiente ao qual as vacas leiteiras estavam alojadas encontrava-se
45 em estado de alerta em função dos fatores climáticos aos quais são expostas.