O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma doença incapacitante que
corresponde à primeira causa de morte no Brasil. A incapacidade causada pelo AVE leva a
restrições ao leito no período agudo e dificuldades de locomoção que acarretam a perda de
massa muscular, fraqueza e limitação funcional na fase crônica. Ainda durante a
hospitalização esses pacientes apresentam complicações respiratórias que se perpetuam na
fase crônica, inclusive pela fraqueza dos músculos respiratórios. Esses fatores promovem o
descondicionamento físico dessa população, por isso, recomenda-se a reabilitação com
exercícios, que inclui o treinamento resistido, aeróbio e inclusive o treinamento da
musculatura respiratória. Objetivo: Revisar sistematicamente os efeitos de diferentes
modalidades de treinamento físico (resistido, aeróbio, combinado e respiratório) na
capacidade funcional cardiorrespiratória e na força muscular respiratória de pacientes com
acidente vascular encefálico na fase crônica. Método: Para tal, foi realizada uma revisão
sistemática com metanálise. As buscas foram realizadas nas bases de dados PubMed,
EMBASE, LILACS e PeDro e foram incluídos ensaios clínicos randomizados que tiveram
como participantes pacientes com AVE na fase crônica e que compararam os efeitos de
treinamento físico (aeróbio, resistido, combinado ou treinamento muscular respiratório
(TRM)) com grupo controle. Os desfechos avaliados foram a capacidade funcional
cardiorrespiratória e a força muscular respiratória. Resultados: A estratégia de busca
identificou 4564 referências, dessas 23 preencheram todos os critérios de elegibilidade e
foram incluídas, sendo que 16 tinham como intervenção o treinamento aeróbio, quatro o
TMR, uma treinamento resistido, uma treinamento combinado e uma delas treinamento
aeróbio, resistido e combinado. Observamos que tanto o treinamento aeróbio (quinze estudos:
2,77ml/kg/min, IC 95%: 2,13 - 3,41; I2 : 50%) quanto o resistido melhora os valores de VO₂
(dois estudos: 2,36 ml/kg/min, IC 95%: 1,40 - 3,31; I2: 0%). Treinamento muscular
inspiratório e expiratório melhoram pressão inspiratória máxima (PImáx) (quatro estudos:
32,62 cmH2O, IC 95%: 22,23 - 43,02; I2: 17%) e pressão expiratória máxima (PEmáx) (três
estudos: 21,74 cmH2O, IC 95%: 2,28 - 41,19; I2: 70%). Conclusão: Treinamento físico,
especialmente o aeróbio e o TMR, é benéfico para a população acometida por AVE mesmo na
fase crônica, uma vez que podem melhorar a capacidade funcional cardiorrespiratória e a
força muscular respiratória, culminando em diminuição de novos eventos e complicações.