Devido à alta mortalidade que ocorre em anestesias gerais de equinos, tal modalidade anestésica deve ser evitada na espécie. Portanto, procedimentos cirúrgicos ou técnicas diagnósticas devem ser realizadas com o cavalo em estação, quando possível. Além disso, em diversas situações, os equinos precisam ser submetidos a procedimentos cirúrgicos em que não há possibilidade de transportá-los para centros de referência ou hospitais escola. Nesses casos, os profissionais seriam beneficiados se contassem com protocolo prático, seguro, de qualidade e adquirido a preços acessíveis. Diante do exposto, foi utilizado um protocolo sedativo com emprego de éter gliceril guaiacol (EGG) para realizar exodontia do dente 105 em um equino, mantendo-se o animal em estação. Para utilização do EGG, o fármaco foi preparado para a infusão contínua por um processo de diluição em glicose a 5%, ficando com a concentração final de 1%. A anestesia foi local com bloqueio locorregional do nervo infraorbital, utilizando-se lidocaína a 2%. O protocolo possibilitou que o procedimento fosse realizado com o animal em estação. Devido aos bons resultados obtidos, foi idealizado um estudo para se comparar dois protocolos sedativos para serem utilizados em equinos submetidos a orquiectomia em estação. Para isso, foram selecionados 16 equinos machos hígidos, com peso variando de 180 a 470 kg e idade entre um ano e seis meses a dez anos. Os animais foram divididos em grupos iguais aleatoriamente e foram submetidos a jejum de 12 horas. Para monitoração, foram mensurados parâmetros basais (frequências cardíaca e respiratória, temperatura corporal, pressão arterial média, sistólica e diastólica). Os animais foram avaliados quanto ao grau de sedação por critérios como resposta ao estímulo sonoro e tátil, grau de ataxia, altura da cabeça ao solo, presença ou não de ptose palpebral e labial. Nos dois protocolos, a indução ao estado sedativo foi realizada com detomidina em bolus na dose de 10 µg/kg, por via intravenosa (IV). No primeiro protocolo (oito cavalos), o estado sedativo foi mantido com éter gliceril guaiacol (EGG) a 1% em infusão contínua, na dose de 1ml/kg/hora IV. No segundo protocolo (oito cavalos) este efeito sedativo foi mantido com detomidina em infusão contínua na mesma dose e via da indução. Todos os animais foram submetidos à anestesia local com lidocaína a 2% na dose de 3mg/kg. Dez minutos após a administração do anestésico local foi realizada orquiectomia em todos os animais. Nos dois protocolos, a infusão contínua foi mantida durante noventa minutos. Os dois protocolos possibilitaram que as cirurgias fossem realizadas em estação. Entretanto, os cavalos mantidos em sedação pelo EGG apresentaram maior relaxamento e grau de sedação mais intenso. Deve-se salientar que a utilização de EGG para manter o estado sedativo em equinos é inédita na literatura. O fármaco é utilizado em protocolos anestésicos na espécie, mas somente na medicação pré-anestésica em anestesias gerais. Concluiu-se que os dois protocolos sedativos possibilitaram a realização de orquiectomia com os cavalos em estação. Entretanto, o protocolo em que se empregou o EGG a 1% apresentou sedação mais profunda, sem apresentar efeitos adversos.