A aquicultura brasileira vem apresentando um rápido crescimento nos últimos anos,
tornando-se uma alternativa para a pesca extrativista, uma vez que esta encontra-se
estagnada. Dentre as espécies que se destacam na aquicultura, está o tambaqui
(Colossoma macropomum), a espécie nativa mais produzida no país. Porém, sua
produção vem apresentando queda nos últimos anos, dentre os fatores relacionados a
esse declínio, estão os problemas sanitários e a nutrição inadequada. É conhecido que
o alimento de boa qualidade garante um melhor retorno financeiro, bem como, auxilia
na sanidade do animal, assim, a composição das dietas devem atender as necessidades
nutricionais dos peixes e pode ser melhorada com o uso de aditivos que não fazem
parte dos ingredientes convencionais. Visando reduzir as perdas na aquicultura e
melhorar a qualidade dos alimentos, diversos produtos de origem vegetal vêm sendo
testados como aditivos, contudo, devido à grande diversidade da flora nacional, os
efeitos de diversas espécies nativas ainda são desconhecidos. Dentre essas espécies,
está o guaraná (Paullinia cupana), muito consumido e apreciado na região norte do
Brasil. O uso do guaraná como estimulante, seus efeitos antioxidantes e
antibacterianos já foram descritos na literatura, assim, seu uso na dieta de animais de
produção ainda é pouco conhecido. Assim, com o objetivo de elucidar os efeitos dessa
planta na aquicultura, o presente estudo foi dividido em dois experimentos, o primeiro
visou avaliar o efeito do pó comercial da semente do guaraná como aditivo no
desempenho zootécnico e na sanidade dos animais, desafiando-os com a bactéria
Aeromonas jandaei, e o segundo, avaliar o guaraná como protetor na peroxidação
lipídica da ração. Para o experimento 1, 300 tambaquis foram divididos em 5
tratamentos com 0, 1,25, 2,5, 5 e 10 g/kg de guaraná na ração, e alimentados por 60
dias. Para o experimento 2, utilizou-se as mesmas rações do experimento 1, as quais foram analisadas para compostos fenólicos, inibição da peroxidação lipídica e
capacidade de absorbância de radical oxigênio após 30 e 90 dias de armazenagem.
Como resultado do experimento 1, o guaraná não afetou os parâmetros zootécnicos
dos tambaquis, porém, impactou significativamente nos parâmetros de saúde
(bioquímico e hemato-imunológico) do animal indicando possível efeito citoprotetor e
hepatoprotetor. Em relação ao experimento 2, o guaraná não apresentou efeito
protetivo contra a peroxidação lipídica e demonstrou efeito pro-oxidante nos maiores
níveis de inclusão. Assim, podemos concluir que o guaraná não apresentou um duplo
efeito benéfico, mas impactou positivamente na saúde do tambaqui como um aditivo
zootécnico, o que merece destaque.