O presente estudo se dedica a tratar acerca do superendividamento e seus
desdobramentos quanto à família enquanto núcleo consumidor. Dessa forma, como
objetivo geral, buscou-se investigar os motivos do superendividamento a partir dos
fatores que levam às escolhas de consumo do núcleo familiar, bem como avaliar as
consequências do estresse por dívidas quanto à dignidade humana em sua dimensão
familiar. Os objetivos específicos dessa pesquisa foram divididos em três capítulos,
estando dispostos da seguinte maneira: inicialmente, buscou-se apresentar o
superendividamento, discorrendo sobre o tema e as diferentes formas de tratamento
que lhe são conferidas em outros países e no Brasil. Ainda neste primeiro momento,
buscou-se explanar acerca da sociedade de consumo como fator que direciona as
escolhas dos consumidores. No segundo capítulo, a partir da vulnerabilidade no
consumo, sustentou-se a categoria de família enquanto núcleo consumidor vulnerável,
observando os reflexos nas escolhas de consumo que possuem as relações
familiares/de afeto. Por fim, no terceiro capítulo, buscou-se adentrar nos efeitos que o
superendividamento pode apresentar quanto à dignidade humana do núcleo familiar,
com foco na relação entre o estresse ocasionado em decorrência das dívidas e a
influência nas relações familiares. Como proposta metodológica, realizou-se pesquisa
de caráter qualitativo, bem como lançou-se mão do método de abordagem hipotético-
dedutivo. Buscou-se comprovar ou refutar as seguintes hipóteses: que a família é um
núcleo consumidor vulnerável em razão do caráter subjetivo das escolhas de consumo,
as quais podem levar ao superendividamento. E a segunda, de que a família, enquanto
núcleo consumidor vulnerável, pode ter sua dignidade humana atingida pelo
superendividamento. Para a obtenção dos dados, a fim de comprovar ou refutar as
hipóteses, utilizou-se de pesquisa bibliográfica, bem como do método auxiliar de
pesquisa empírica com aplicação de questionário. A pesquisa constatou a existência da
vulnerabilidade familiar nas relações de consumo, posto ter restado evidenciado o fato
de que as escolhas de consumo do núcleo familiar não são realizadas de forma
dissociada do afeto. Além disso, verificou-se que as dívidas e, sobretudo a situação de
superendividamento, possuem ação direta nas relações familiares, inclusive em sua
dimensão de dignidade humana, vez que se verificou que o superendividamento
alcançou alto índice de afetação quanto ao estresse por dívidas nas relações
familiares, tanto nas relações entre casais quanto nas relações entre pais e filhos.