As afecções prostáticas e testiculares em cães têm sido continuamente estudada nos
últimos anos, muito em parte pela maior expectativa de vida desses animais e ao maior
cuidado de seus tutores. Fisiologicamente, esses órgãos apresentam relação entre si,
porém, a relação entre as enfermidades que os acometem e a imunomarcação de
receptores de andrógenos (RA) nesses tecidos não está totalmente esclarecida. Diante
disso, o objetivo deste estudo foi avaliar as alterações histomorfológicas da próstata e dos
testículos de cães inteiros, bem como a imunomarcação de RA nesses órgãos e sua relação
com as afecções diagnosticadas. Para isso, utilizaram-se 60 próstatas e 120 testículos de
60 cães machos inteiros, sem distinção quanto a raça, com ou sem histórico de doença
pré-existente do trato reprodutor, das faixas etárias de um a três, quatro a cinco e acima
de seis anos de idade. Os animais foram submetidos à exame anatomopatológico e as
amostras de próstata e testículos colhidas para análise histopatológica, sendo as de
próstata recortadas em sua porção medial, de modo a contemplar a porção uretral e lobos
direito e esquerdo, e as dos testículos colhidas na porção medial. As lesões diagnosticadas
foram submetidas à estudo imunoistoquímico para RA. Dos diagnósticos
histomorfológicos nos animais do estudo, obtiveram-se 20 próstatas com atrofia
inflamatória proliferativa (PIA), 16 com hiperplasia prostática (HP), dez próstatas
normais, sete com neoplasia intraepitelial prostática (PIN), cinco com carcinoma
prostático (CP) e duas com prostatite, sendo comum a ocorrência de lesões prostáticas
concomitantes. Nos testículos havia 38 com degeneração testicular, 31 com atrofia, 17
com neoplasias, 13 com orquite, 12 com hipoplasia e nove testículos sem alterações. Ao
estudo imunoistoquímico, os escores mais observados no tecido prostático foram os
escores três (30%), escore dois (25%) e escore zero (25%) em lesões de PIA; escore
quatro (81,1%) em HP; escore zero em PIN (71,4%) e escore um (60%) em CP. Nas
lesões testiculares foi maior o escore três (34,2%) para degeneração e o escore dois
(32,2%) para atrofia. Conclui-se que quando considerado o diagnóstico mais grave
presente no órgão, PIA e degeneração são as alterações mais frequentes na próstata e
testículos de cães inteiros, especialmente naqueles acima de seis anos de idade. Nos
escores um e dois, considerados baixos, e três e quatro, altos, verificou-se que na próstata
canina a imunomarcação de RA é baixa ou ausente nas lesões displásicas e neoplásicas e
alta nos tecidos normal e hiperplásico. Já nos testículos, a imunomarcação de RA é baixa
naqueles atróficos.