Objetivou-se com esse estudo: i) classificar os animais em grupos de alta e baixa
eficiência alimentar (EA) utilizando os índices: consumo alimentar residual (CAR) e consumo
e ganho de peso residual (CGR); ii) avaliar os efeitos da oferta de alimentos (ad libitum e
restrito) nos grupos de alta (AE) e baixa eficiência (BE) para CAR e CGR, sobre o consumo,
digestibilidade de nutrientes, partição energética, produção de calor (PC), emissão de metano
entérico (EME), metabolismo de nitrogênio e concentrações de glicose sanguínea em novilhas
Gir, e iii) calcular as exigências de energia metabolizável para mantença (EMm), energia
líquida para mantença (ELm) e as eficiências de utilização da energia metabolizável para
mantença (Km), pela metodologia de respirometria calorimétrica nas novilhas Gir. Sendo
assim, realizaram-se dois experimentos: no primeiro, foram avaliados os efeitos de interação
da oferta de alimentos (ad libitum e restrito) com os grupos divergentes de EA (CAR e CGR)
no consumo, digestibilidade de nutrientes, metabolismo de nitrogênio, partição energética,
EME e concentrações de glicose sanguínea. Trinta e sete novilhas foram classificadas em AE
ou BE para CAR (CAR AE n = 12 e CAR BE n = 12) e CGR (CGR AE n= 12 e CGR BE n =
12) usando como base de classificação a média ± 0,5 DP. As novilhas AE e BE tiveram
valores médio de CAR de -0,358 e 0,337 kg/d (P < 0,01), respectivamente. Os valores médios
para AE e BE para CGR foram de 0,449 e -0,473 kg/d (P < 0,01), respectivamente. As
novilhas foram alojadas em tie-stall e receberam dieta total (75% silagem de milho e 25%
concentrado) na primeira fase de avaliação todos ad libitum e na segunda fase os mesmos
animais foram avaliados na oferta de alimentação restrita (1,2% do peso vivo /dia). Foram
realizadas avaliações de trocas gasosas (consumo de O2, produção de CO2 e CH4) em câmaras
respirométricas de circuito aberto e ensaio de digestibilidade in vivo de todos os animais (ad
libitum e restrito). Amostras de sangue foram coletadas e analisadas quanto às concentrações
plasmáticas de glicose. Adotou-se delineamento inteiramente casualizado e um fatorial com
medidas repetidas, com dois tratamentos, repetindo o nível de alimentação dentro do animal.
Como resultado do primeiro estudo, os animais de AE CAR apresentaram menor (P = 0,04)
consumo da MS em relação ao BE CAR (3,03 vs. 3,62 kg/d, respectivamente). Os animais AE
CAR apresentaram um consumo também inferior (P < 0,05) de MO, PB e EE (kg/d) e
tendência (P > 0,05) de maior digestibilidade de MS e MO. O consumo da energia bruta
(CEB, Mcal/d) foi menor para as novilhas de AE CAR (13,6 vs. 16,2; P = 0,05). As novilhas
de AE CAR apresentaram menor perdas de energia fecal expresso em (Mcal/d e %CEB; P =
0,02; P = 0,01, respectivamente) em relação a BE CAR. O grupo AE CAR também
apresentou maior relação entre energia digestível e energia bruta (ED:EB, 74,0 vs. 72,2; P =
0,03) e uma tendência de maior relação entre energia metabolizável e energia bruta (EM:EB,
P > 0,05). As trocas respiratórias (VO2 e VCO2, expressos em L/d e L/kg PC0,75; P > 0,05) e
EME foram semelhantes para os grupos de AE e BE. Os níveis de oferta de alimentos, parecer
não ser um fator decisório na investigação dos grupos de alta e baixa EA (CAR e CGR). As
diferenças na EA para novilhas Gir, podem estar associadas as eficiências uso de energia para
crescimento. Ao agrupar os animais baseado no índice CGR, não houve divergência entre os
grupos nas avaliações do metabolismo, dado que o GMD foi o mesmo para os animais. Em
geral, maior eficiência para CAR durante a fase de recria, parece estar relacionada a
diferenças no consumo, digestibilidade e na partição energética da dieta, mostrando a
importância do metabolismo energético na definição do índice CAR. O segundo experimento
foi conduzido com o objetivo de estimar as exigências nutricionais de energia metabolizável
(EMm) e líquida (ELm) para mantença e as eficiências de utilização da energia metabolizável
para mantença (Km) em novilhas Gir, determinadas pela metodologia de calorimetria
respirométrica. Os mesmos animais e dieta utilizados no primeiro experimento, foram
utilizados no segundo experimento. Câmaras respirométricas de circuito aberto foram
utilizadas para estimar a produção de calor dos animais (ad libitum, restrito e jejum de 72h).
A ELm foi calculada como sendo regressão não linear da produção de calor (PC) em função
do consumo de energia metabolizável (CEM). A exigência de energia líquida de mantença
para as novilhas Gir é de 90,3 Kcal/kg PV0,75 e a exigência de energia metabolizável de
mantença é de 108,2 Kcal/kg PV0,75. A eficiência de utilização da energia metabolizável para
mantença foi de Km= 0,83 para às novilhas Gir. A produção de calor dos animais em jejum
correspondeu a ELm. A metodologia de calorimetria respirométrica mostrou ser eficaz para
determinar as exigências nutricionais de energia para mantença em novilhas Gir em condições
tropicais.