Um dos pontos críticos na Ciência de Animais de Laboratório (CAL) é a avaliação do
Bem-Estar Animal (BEA) de forma não invasiva e a detecção preditiva ou diagnóstica
da presença de sofrimento em camundongos usados para fins científicos. A Lei No
11.794/2008, também conhecida como Lei Arouca, regulamentou o uso de animais para
fins didáticos e científicos e estabeleceu o Conselho Nacional de Controle da
Experimentação Animal (CONCEA), buscando a elevação da CAL e do BEA. O
CONCEA, através das suas Resoluções Normativas (RN) nos 30 a 33, buscaram orientar
a utilização ética de roedores, evitando desconforto e dor e elevando a sua qualidade de
vida em biotérios. Contudo, além das orientações vigentes, o objetivo dessa dissertação
foi acrescentar a essas RNs uma forma técnico-científica, baseada no princípio de
Refinamento dos 3Rs que monitore o BE de camundongos durante seu uso científico.
A metodologia baseou-se na observação do uso de objetos para enriquecimento
ambiental (EA), neste caso o Trapézio, acoplado na tampa da gaiola. Dessa observação,
surgiu a hipótese deste trabalho: a criação do protótipo #1 Trap e a medição, através da
contagem diária, do número de uso do objeto em 15 minutos. Foram utilizados como
modelo experimental o curso da infecção aguda pelo Trypanosoma cruzi na linhagem
de camundongos Swiss Webster. Os resultados mostraram que, após a divisão em
quatro grupos, destacando: [N], sem infecção e [Inf] camundongos infectados e sem
tratamento. A diferença estatística preditiva foi observada no 11º dia pós-infecção (dpi)
pelo comprometimento do BEA entre [N: 72±18,5 No de eventos] e [Inf: 32±13,1 No
de eventos] (p ≤ 0,05). No 21º dpi foi o período mais grave da infecção experimental
(N: 75±17,3 e Inf: 11±5,1 No de eventos, respectivamente) (p ≤ 0,05). Desta forma,
sugere-se que o #1Trap foi eficaz, no quesito preditivo, pois valores estatisticamente
significativos demonstraram o início do comprometimento do BEA e que a eutanásia
deve ser realizada antes do 21º dpi, para que o camundongo não sofra desconforto pela
gravidade do quadro clínico, durante o curso da infecção por T. cruzi.