Campylobacter é um dos quatro patógenos mais isolados de doenças diarreicas de
origem alimentar no mundo, e C. coli é a segunda espécie mais relacionada a
campilobacteriose humana. O patógeno é frequentemente isolado de carcaças de
frango. O Brasil é o maior exportador de carne de frango no mundo, o que coloca o
país em posição de destaque, e torna a caracterização de C. coli nos abatedouros
do país, de suma importância para estabelecimento de medidas de controle. A
dissertação foi dividida em dois capítulos, e o primeiro capítulo traz um levantamento
bibliográfico para contextualizar o leitor acerca do assunto, que será abordado no
capítulo posterior. O segundo capítulo traz um estudo epidemiológico de 83 cepas
de C. coli isoladas de carcaças de frangos abatidas em estabelecimentos sob
Inspeção Federal em três estados brasileiros. As cepas foram isoladas pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através da metodologia ISO
10272:2017, e posteriormente, foram discriminadas por espécie utilizando
espectrometria de massa (MALDI-TOF). No Laboratório de Epidemiologia Molecular
da Universidade Federal de Uberlândia, os isolados foram submetidos a PCR
convencional para determinar a presença de 14 genes relacionados à virulência, que
foram divididos em cinco categorias: formação de biofilme (flaA, luxS), sistema de
secreção (cdtABC, hcp), invasão e colonização (cadF, ciaB, pldA), adaptação a
estresse (dnaJ, htrA, cbrA), e indução a Síndrome de Guillain-Barré (neuA, cstII).
Foram construídos perfis de virulência e determinados os índices de variabilidade,
virulência e multivirulência. As cepas foram submetidas ao teste de concentração
inibitória mínima para avaliar a sensibilidade fenotípica a ciprofloxacina e
eritromicina. No fim, foi gerado um dendrograma dos isolados a partir dos espectros
gerados no MALDI-TOF, visando avaliar a disseminação das cepas. Os isolados de
C. coli demonstraram elevado potencial virulento, e especialização em invasão e
colonização. Os isolados apresentaram 89,2% (74/83) de resistência a ciprofloxacina
e 55,4% (46/83) a eritromicina. Foi observada diversidade genética disseminada no
estado I, e os estados II e III apresentaram especificidade local. Nossos resultados
sugerem elevado potencial virulento, resistência aos antimicrobianos preconizados
no tratamento de campilobacteriose, indícios de contaminação cruzada e
manutenção de genótipos virulentos, enfatizando e a necessidade de adoção de
medidas de controle em abatedouros brasileiros.