O crescimento da produção aquícola causa aumento da quantidade de resíduos
gerados a partir do beneficiamento dessa matéria-prima. O que pode gerar problemas
ambientais, caso não seja dado um destino adequado. Além disso, indústrias de alimentos e
embalagens têm se esforçado para reduzir a quantidade de materiais não biodegradáveis em
embalagem, que são uma fonte de poluição e podem causar problemas ambientais relacionados ao seu tratamento após descarte. Paralelamente, a indústria procura novas estratégias para aumentar o tempo de prateleira dos alimentos. Nesse contexto, tem-se a produção de filmes comestíveis e/ou biodegradáveis a partir de compostos naturais. O presente estudo teve por objetivos extrair e caracterizar gelatina a partir da pele de tilápia do Nilo (O. niloticus), astaxantina extraída a partir do cefalotórax do camarão branco do Pacífico (L. vannamei) e aplicar em filmes comestíveis. A gelatina tipo A foi extraída por meio do pré-tratamento ácido e caracterizada quanto ao rendimento, distribuição do peso molecular, FTIR, força do gel e TGA. O extrato contendo astaxantina foi extraído com acetona e caracterizada quanto ao rendimento, teor de astaxantina, composição de ácidos graxos, atividade antioxidante e FTIR. Os filmes foram feitos utilizando a técnica casting. Foram elaborados quatro filmes, Gel (Controle), GQ, GQ0,5Ast e GQ1,0Ast. Para isso, as soluções filmogênicas foram preparadas com 3% de gelatina (m:v), 1% de quitosana (m:v) e 0,5 e 1,0% de extrato (m:v). Os filmes foram caracterizados quanto a espessura, cor, FTIR, MEV, atividade antioxidante, atividade antimicrobiana, PVA e TGA. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey com o auxílio do software BioEstat 5.0 e nível de significância 5%. A gelatina apresentou elevado peso molecular e força do gel igual a 400,97 ± 10 g. O extrato apresentou teor de astaxantina igual a 294,3 µg AST g -1 extrato e atividade antioxidante (PI) 50,19% para uma concentração de 5,87 µg AST mL -1 . Os filmes
GQ0,5Ast e GQ1,0Ast apresentaram cor amarelada devido à cor do extrato, comprovadamente
pelos maiores valores de a* e b* (p<0,05). De acordo com as imagens MEV, os filmes GQ0,5Ast e GQ1,0Ast apresentaram superfície irregular, com bastante poros e protuberâncias. E seção transversal heterogênea, rugosa e com poros ou fissuras principalmente na região próxima a superfície, caracterizando uma separação de fases. Os filmes GQ0,5Ast e GQ1,0Ast apresentaram maior atividade antioxidante (PI) (p<0,05), sendo 33,15 ± 2,21% e 41,57 ± 2,07%, respectivamente. De acordo com o método de difusão em ágar e técnica do poço, nenhum filme apresentou atividade antimicrobiana. O PVA dos filmes GQ0,5Ast e GQ1,0Ast não apresentaram diferenças significativas entre si e o Gel (Controle) (p>0,05), indicando que os mesmos não apresentaram uma melhor propriedade de barreira ao vapor de água. Com relação à TGA, a adição de extrato teve pouca influência na estabilidade térmica dos filmes. Portanto, conclui-se que os filmes comestíveis de gelatina de tilápia (O. niloticus) e quitosana incorporados com extrato de astaxantina de camarão branco do Pacífico (L. vannamei) possuem potencial como filmes antioxidantes para aplicação e aumento da vida de prateleira de alimentos.