O principal benefício da associação da lidocaína com fármacos adjuvantes como
α-2 agonista e opioides, é a extensão do controle nociceptivo por horas após o
período transoperatório. Devido a difusão no uso da dexmedetomidina e a
carência de estudos na medicina veterinária quanto ao uso por via epidural, e o
uso rotineiro da morfina, o presente trabalho traz como objetivo avaliar e
comparar as associações de lidocaína com morfina ou com dexmedetomidina
por essa via, registrando controle nociceptivo e efeitos cardiovasculares durante
o período operatório, e controle analgésico, deambulação, efeito sedativo e
possíveis efeitos adversos no pós operatórios. Foram selecionadas 17 cadelas
hígidas, com aproximadamente 17,8 ±4,5 kg, submetidas a ovariohisterectomia.
Após indução anestésica com propofol e intubação, a anestesia foi mantida com
isofluorano. Os animais foram divididos em dois grupos, delineado de forma
aleatória duplo-cega, oito animais compondo o grupo L-MOR, administrado 0,1
mg/kg de morgina, 0,2ml/kg de lidocaína com vasoconstritor e 0,02 ml/kg de
NaCl, e nove animais para L-DEX administrado 3 μg/kg de dexmedetomidina e
0,2 ml/kg de lidocaína com vasoconstritor, por via epidural. Foram avaliados
frequência cardíaca, pressão arterial sistólica, média e diastólica,
eletrocardiograma, saturação da oxihemoglobina e temperatura no período
perioperatório, mensurados a cada 5 minutos até o fim do procedimento
cirúrgico, com nocicepção a partir do aumento de 30% nos parâmetros
cardiovasculares. No período pós-operatório foram avaliados escores de dor
pela escala modificada de Melbourne, escore numérico de sedação e avaliação
da deambulação utilizando a escala numérica de Bromage (1965), registrados
após a extubação e a cada hora até completar 8 horas. Houve diferença
significativa entre os grupos quanto a frequência cardíaca, sendo que o grupo de
L-DEX apresentou redução 20 minutos após o momento da epidural. Já para
pressão arterial, foi possível registrar diferença de PAM e PAD nos tempos 25 e
30, ocasionado pela redução dos valores para L-MOR. Aos 40 minutos de
procedimento cirúrgico, 87,5% dos animais de L-MOR receberam resgate
analgésico, enquanto apenas 22,2% de L-DEX, condizente com o tracionamento
do pedículo direito. Para os dados não paramétricos do período pós-operatório
utilizou o teste de wilcoxin signed-ranks, no qual foi observado controle de dor
eficaz e equipotente durante as 8 horas de avaliação. Quanto o escore de
deambulação, no L-DEX houve recuperação total em 7 horas (T7) do fim
procedimento e L-MOR em 5 horas (T5). A associação de lidocaína com
dexmedetomidina por via epidural fornece melhor controle nociceptivo
transoperatório quando comparada a associação de morfina com a lidocaína
para realização de ovariohisterectomia em cadelas; os protocolos avaliados não
promovem alterações cardiovasculares clinicamente importantes e são eficazes
no controle de dor pós-operatória pelo período de 8 horas; a associação da
dexmedetomidina à lidocaína por via epidural promove maior tempo de bloqueio
motor, resultando em maior tempo para a deambulação, sendo necessário maior
tempo de acompanhamento dos pacientes; os protocolos avaliados não
promovem ação sedativa relevante e não diferem quanto a ocorrência de êmese
no período pós-operatório.