A demanda por nutrição de alta qualidade para cães e gatos faz com que a indústria pet food busque por novos ingredientes para atender a esse mercado cada vez mais exigente. Os gatos, por serem considerados carnívoros restritos, possuem maior exigência proteica em relação aos demais mamíferos onívoros. Com isso, as fontes proteicas de origem animal são as mais utilizadas em formulações pet, por apresentarem boa digestibilidade, palatabilidade e disponibilidade comercial. Dentre as matérias primas de origem animal, a farinha de vísceras de frango é a mais utilizada em dietas para cães e gatos. Os hidrolisados proteicos vêm ganhando espaço em formulações pet devido a seu alto teor proteico, alta digestibilidade e presença de peptídeos bioativos. O objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos da substituição da farinha de vísceras de frango convencional por farinhas de vísceras de frango hidrolisada como fonte proteica em dietas para gatos, avaliando seus efeitos sobre a digestibilidade aparente de nutrientes e da energia, características das fezes e produtos de fermentação microbiana, balanço de nitrogênio e metabolismo de uréia de gatos. Foram utilizados 30 gatos com 4,18 ± 0,86 kg e 4,17 ± 1,38 anos, distribuídos em cinco tratamentos experimentais: Controle (CO, a base de farinha de vísceras de frango convencional) e quatro níveis de inclusão de farinha de vísceras de frango hidrolisada (FVH): 5%, 10%, 20% e 30%. Os dados foram submetidos à análise de variância e, quando detectadas diferenças no teste F, os efeitos foram comparados por contrastes polinomiais (P <0,05) de acordo com a inclusão de FVH. Durante o estudo, não houve episódios de recusa, vômito ou diarreia. A ingestão, digestibilidade aparente dos nutrientes, balanço de nitrogênio e energia metabolizável foi semelhante entre os tratamentos (P>0,05). A inclusão de 30% de farinha de vísceras hidrolisada resultou em menor gelatinização do amido, aproximadamente 21% menor em comparação a dieta CO, mas não afetou a digestibilidade dos nutrientes do alimento. As fezes produzidas pelos gatos apresentaram escore 3,9 ± 0,02 não diferindo entre os tratamentos. A concentração de amônia fecal foi semelhante entre os tratamentos (P>0,05). A inclusão de FVH aumentou de modo quadrático as concentrações de ácido graxo isobutírico, isovalérico, valérico e do total de ácidos graxos de cadeia ramificada, com aumento linear da concentração de lactato (P<0,05). Os dados de volume, pH e densidade urinários, bem como a excreção renal de uréia foram similares entre os tratamentos (P>0,05). A inclusão de até 30% de FVH é segura quanto aos parâmetros avaliados e pode ser considerada em formulações pet food sem afetar a digestibilidade dos nutrientes e características das fezes e urina dos gatos.