Os sistemas silvipastoris (SSPs) constituem uma modalidade dos Sistemas Agroflorestais, nos quais componentes arbóreos, herbáceos e animal compartilham da mesma área cultivada, a fim de garantir produtividade e sustentabilidade em sistemas de produção animal. Este estudo avaliou a taxa de sobrevivência e dendrometria de mudas de Eucalyptus spp. (eucalipto) e Mimosa caesalpiniifolia Benth. (sabiá) na fase de estabelecimento e crescimento inicial, respostas produtivas e valor nutritivo de Urochloa decumbens Stapf R. D. Webster (capim-braquiária), bem como o desempenho de bezerros mestiços Holandês × Zebu (170 ± 15 kg) em monocultivo da gramínea e nos SSPs com as espécies arbóreas, no Agreste de Pernambuco, Brasil. Foram avaliados cinco tratamentos, os quais foram casualizados em blocos com três repetições, sendo: 1 - monocultivo do capim-braquiária; 2 - capim-braquiária + eucalipto (SSP - eucalipto); 3 - capim-braquiária + sabiá (SSP - sabiá); 4 - monocultivo de eucalipto e 5 - monocultivo de sabiá. As parcelas pastejadas (monocultivo de braquiária e os dois SSPs) consistiram em piquetes de 1ha cada, enquanto que os monocultivos de eucalipto e sabiá em bosques de áreas de 20 m × 30 m. Os animais foram manejados sob lotação contínua, com taxa de lotação variável e pesados a cada 28 dias. As árvores foram avaliadas com intervalos de quatro meses, durante 17 meses, enquanto que as variáveis relativas
ao capim-braquiária [produção, teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e coeficiente de digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS), oferta de forragem (OF), taxa de lotação (TL)]; das folhas e ramos finos de sabiá (MS, PB, FDN e DIVMS), bem como o ganho de peso médio diário (GMD) e o ganho de peso por área (GPA), foram avaliadas ao longo de períodos experimentais. As mudas de sabiá, tanto em SSP, como em monocultivo, apresentaram as maiores taxas de sobrevivência (89,0% e 90,6%, respectivamente) (P = 0,0159), quando comparadas a sobrevivência do eucalipto, em ambos os tratamentos. Houve interação (P = 0,0004) tratamento × ciclo de avaliação para altura das árvores, com maiores valores no monocultivo de sabiá, tanto entre os sistemas, quanto entre períodos da avaliação, alcançando 284 cm aos 29 meses de estabelecimento. As diferenças
observadas para o capim-braquiária ocorreram em relação aos ciclos de avaliação de forma isolada, com maiores médias de altura do dossel, massa de forragem total e massa de forragem verde no primeiro ciclo de avaliação (71,0 cm, 10.342 kg MS ha-1 e 2.985 kg MS ha-1, respectivamente) e, as menores, no último ciclo de avaliação (21,3 cm, 218 kg MS ha-1 e 152 kg MS ha-1, respectivamente). As maiores proporções de frações verdes (lâmina foliar e colmo) do capim-braquiária ocorreram no final do período chuvoso. Os valores médios de PB do
capim-braquiária variaram (P = 0,0004) entre 44 e 65 g kg -1 MS, enquanto os de FDN, com menor variação sazonal (P = 0,0015), entre 717 e 775 g kg-1 MS, ao longo dos ciclos de avaliação. Para as folhas e ramos finos de sabiá, nas avaliações de novembro/2019 e janeiro/2020, foram observados os maiores teores de MS (385 e 416 g kg-1, respectivamente) e coeficientes de DIVMS (311 e 381 g kg-1 MS, respectivamente) (P < 0,05), e menores de PB (110 e 82 g kg-1 MS) e FDN (568 e 500 g kg-1 MS). Acompanhando a resposta da massa de forragem total e verde, a TL diminuiu (P < 0,0001) ao longo dos ciclos de avaliação. O GMD e o GPA não diferiram entre tratamentos (P > 0,05) (média 0,38 kg animal-1 d-1 e 17,89 kg ha-128 d-1, respectivamente), com perda de peso (P < 0,0001) no período de baixa disponibilidade hidríca. No Agreste de Pernambuco, independente do sistema de cultivo (monocultivo e SSPs),
o estabelecimento da sabiá é recomendado. O sistema de cultivo não interfere na produtividade, no valor nutritivo e no desempenho de bezerros mestiço Holandês × Zebu em pastagens de capim-braquiária.