Este estudo é dedicado a uma análise das trajetórias de vida das mulheres agricultoras que foram atingidas pela Foz do Chapecó, no oeste de Santa Catarina, território marcado pela agricultura familiar e pela disputa territorial em sua constituição histórica. O Oeste de Santa Catarina vendo sendo tomado pela construção de pequenas e grandes hidrelétricas nas últimas décadas. Tal fato, tendo regerado um deslocamento populacional em massa, são muitos os trabalhos que discorrem sobre a vida dos atingidos por barragens antes, durante e pós a implementação das barragens, mas as mulheres atingidas não têm sido alvo de estudo, que considerem as especificidades, com relação aos efeitos das barragens em suas vidas, sendo estas, atingidas de forma grave e intensa. Frente a isto, indagamos: Qual é o papel da mulher agricultora atingida pela barragem quando ela é considerada socialmente subalterna? Em um mundo marcado pelo patriarcado como é o do campesinato? Dentre os objetivos, além de analisar as trajetórias de vida das mulheres atingidas pela Foz do Chapecó, buscou-se
reconhecer as especificidades das relações das mulheres atingida pela Foz do Chapecó (SC) com a terra, o trabalho e a família, compreender as mudanças ocorridas na vida das mulheres agricultoras após a implementação da barragem Foz de Chapecó (SC), bem como, identificar a atuação das mulheres agricultoras atingidas, no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Trata-se de um etnográfico, com coleta e análise qualitativa de dados por meio de
roteiro de entrevistas, com 8 mulheres atingidas pela barragem Foz do Chapecó e dois representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens(MAB). Os resultados alcançados pela entrevista, mostram que as mulheres agricultoras passaram a ser consideradas proprietárias da nova terra após o deslocamento, onde, na maioria dos casos, a propriedade está no nome do casal. Com relação ao trabalho a mulher continuou em uma posição de subordinação mesmo com a mudança, perpetuando a divisão de trabalho através do sexo, e a configuração familiar mostrou-se ser o ponto mais crítico do processo de remanejamento. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) percebe que as mulheres são as mais impactadas pelo processo de remanejamento populacional e pensa ações para lhes dar voz e
maior representação.