No sistema de produção intensiva, os peixes estão mais susceptíveis a lesões diversas e estas servem como porta de entrada para agentes patogênicos, ocasionando perda econômica. De extrema importância para reduzir os impactos negativos, a reparação tecidual deve ser rápida e eficaz para o retorno à homeostase. O fornecimento de ácidos graxos polinsaturados pode modular o processo de reparo de feridas em inúmeras espécies. Nesse contexto, o objetivo foi avaliar o efeito da suplementação de diferentes fontes de ácidos graxos no desempenho, composição bromatológica, parâmetros bioquímicos e na regeneração de lesões cutâneas em Oreochromis niloticus. Foram utilizados 144 peixes, alojados em 36 aquários de 16L, em delineamento inteiramente casualizado. Os animais foram alimentados duas vezes ao dia com três dietas experimentais, variando apenas as fontes lipídicas (óleo de peixe, óleo de milho e óleo de linhaça). A indução da ferida foi realizada 30 dias após o fornecimento das dietas, através de um bisturi Punch de 5mm. As amostras foram coletadas 12 horas, 1 dia, 7 dias e 14 dias após a lesão. Os dados biométricos e de consumo de ração foram utilizados para o cálculo dos parâmetros de desempenho. Os seguintes índices zootécnicos foram avaliados: hepatossomático (IHS), viscerossomático (IVS), intestinossomático (IIS) e de gordura visceral (IGVS). O perfil lipídico da dieta e dos peixes foi analisado através de cromatografia gasosa. Foi realizada a composição centesimal das dietas e dos peixes. O sangue foi coletado para avaliação da proteína plasmática, hematócrito, glicose, contagem total de eritrócitos e diferencial de leucócitos. Amostras de rim cranial, baço e plasma foram utilizadas para análise das interleucinas 1β, 6 e 10 (IL-1β, IL-6, IL-10), fator de necrose tumoral α (TNF-α) e cicloxigenase 2 (COX-2), por ensaio imunoenzimático. O processo de reparo tecidual foi acompanhado por análise histopatológica e através do software de imagens, AxioVision. Os dados foram avaliados por Two-Way ANOVA (p<0,05). Não foram observadas diferenças significativas no ganho de peso, conversão alimentar, IHS, IVS, IIS, IGVS e na composição centesimal dos peixes para as variáveis, matéria seca, proteína bruta e cinzas. De maneira geral, os ácidos graxos do músculo refletiram a composição de ácidos graxos da dieta. O grupo com óleo de milho apresentou maior concentração sanguínea de neutrófilos após 12 horas e 7 dias. Os grupos suplementados com óleo de peixe e linhaça apresentaram uma menor área da ferida no 7º dia após a indução da lesão, com uma redução de 69% e 56%, comparado ao óleo de milho. A análise histopatológica revelou intensificação de reparo da epiderme e da derme, estimulação da síntese de fibroblastos e colágeno, e imunomodulação de citocinas e células inflamatórias nos tratamentos com óleo de peixe e linhaça. Com base nos resultados obtidos, sugere-se que os ácidos graxos da série n3 aceleram o processo de reparo de lesões em Oreochromis niloticus.