Caracterizar e avaliar novos genótipos de palma forrageira, produtivos e resistentes a pragas e doenças torna-se de fundamental importância para explorar o potencial forrageiro da cultura. Dessa forma, o conhecimento mais detalhado das mudanças morfológicas, produtivas e reprodutivas de novos genótipos de palma forrageira frente ao manejo e variações ambientais pode fornecer dados importantes para o melhoramento dessa forrageira, assim como para sua propagação. Objetivou-se estudar aspectos florais, caracterizar e selecionar genótipos de palma forrageira (Opuntia e Nopalea). O trabalho foi conduzido na Estação Experimental do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), em Arcoverde-PE, teve duração de quatro anos e compreendeu dois estudos. No primeiro estudo (entre abril de 2019 a outubro de 2020) foram avaliadas a fenologia floral, visitação floral e polinizadores em cinco genótipos de palma forrageira. As avaliações de fenologia floral ocorreram em cinco plantas de cada genótipo. Em cada planta foram selecionados em média 20 botões, totalizando 100 botões florais para cada genótipo O comportamento dos visitantes florais foi registrado em campo através de observações visuais a campo e por meio de fotografias, totalizando 160 horas de observações diurnas, distribuídas em 32 h por cinco dias para cada genótipo, durante a antese. Os dados de fenologia floral e visitação florais foram analisados por meio de estatística descritiva, com a média seguida do desvio padrão (média ± desvio padrão). Observou-se que o número médio de dias para antese variou de 21 a 25 dias no primeiro ano de avaliação e 21 a 24 dias no segundo ano, apresentando diâmetro e altura média de botões florais de 22 a 24 mm e 4,6 a 6,6 cm em 2019, e 22 a 24 mm e 4,9 a 6,2 cm em 2020, respectivamente. A quantidade de botões florais variou conforme período de floração dos genótipos com valores de 122 a 316 botões florais, sendo maior entre os meses de julho a setembro, período de menores precipitações pluviais, temperaturas do ar menores e aumento gradativo do brilho solar. Os visitantes mais frequentes foram as espécies Apis melífera (37,43%),seguido da família Formicidae (31,61%) e da espécie Bombus atratus (13,80%). O conhecimento dos aspectos florais dos genótipos estudados subsidiará os métodos de melhoramento da palma forrageira, notadamente as hibridações. No segundo estudo, a fim de possibilitar a escolha de novas variedades de palma forrageira para ampliar o cultivo e dispersão da espécie, objetivou-se caracterizar e selecionar genótipos de palma forrageira (Opuntia e Nopalea) utilizando características morfológicas, produtivas, fitossanitárias e bromatológicas. O período experimental foi de abril de 2018 a julho de 2021. As parcelas experimentais foram distribuídas em delineamento de blocos ao acaso, com três repetições. Avaliou-se as características morfológicas, produtivas, fitossanitária e bromatológica em nove genótipos de palma forrageira. Os dados foram submetidos a anova DBC em esquema fatorial 2x9, considerando como efeito aleatório blocos e fixos os genótipos de palma forrageira e ano de colheita. Quando o teste F na ANOVA foi significativo, as médias das características foram submetidas ao teste de Scott-Knott. O nível de significância adotado foi de 5% de probabilidade. As características morfológicas largura de planta (LP), altura de planta (AP), numero de cladódios (NC), largura de cladódio (LC), comprimento de cladódio (CC), espessura de cladódio (EC), área de cladódio (AC), área fotossintética total da planta (AFT), índice de área de cladódio (IAC) e produção de matéra seca (PMS) foram diferentes (p<0,05) conforme os genótipos. A LP, LC e EC diferiram (p<0,05) conforme os anos de avaliação. Houve efeito significativo (p<0,05) da interação anos e genótipos para as características comprimento de cladódio CC, LC, AC, PMS. Houve efeito significativo dos genótipos somente para proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e nitrogênio (N). Não foi observado efeito significativo para colheita nem interação significativa entre colheita e genótipos. Não foi observado infestação de cochonilha do carmim nos genótipos de palma forrageira. Todos os genótipos são susceptíveis ao ataque da cochonilha de escama e apresentaram nível de infestação variando de 25% a 50% nas plantas. Os genótipos que apresentaram doenças em seus cladódios, como a podridão escamosa (Scytalidium lignicola) e mancha de alternaria, foram acometidos até 25% dos
cladódios. Os genótipos IPA-200016, IPA-100672, IPA-100676, apresentaram de 0 a 25% espinhos nas plantas. Com intensidade de seleção de 10%, observa-se que os valores para ganho genético através da seleção direta foram superiores ao ganho indireto para todas as características morfológicas e PMS e bromatológicas. Os genótipos de palma forrageira foram reunidos em dois grupos principais e dois grupos secundários, conforme o critério estabelecido com o ponto de corte de 1,22 após ajuste de níveis de fusão e com correlação cofenética (0,77**), que foi significativa pelo teste t (p≤0,01) com ajuste satisfatório, demostrando confiabilidade na relação entre a matriz de dissimilaridade. Os genótipos de palma forrageira (Opuntia e Nopalea) apresentaram diferenças morfológicas, mesmo estando no mesmo ambiente. Os genótipos IPA-200021, IPA-100676, IPA-100673, IPA-100420, e IPA-200008 não apresentaram espinhos em seus cladódios.Os genótipos, IPA-100672, IPA-200174, IPA-100661, IPA-100673 e IPA-100420 não apresentaram incidência de doenças.As características que mais contribuíram para a divergência genética foram NC e AC. A existência de variabilidade genética entre os genótipos de palma forrageira nesse estudo revela que é possível selecionar os genótipos IPA-200016, IPA-200174, IPA-100676, IPA-100673 e IPA-200008 para as características de melhor interesse econômico, possuírem características morfológicas, produtiva, fitossanitárias e bromatológica desejáveis para dar continuidade ao melhoramento genético da palma forrageira. A caracterização e seleção de genótipos de palma forrageira permitiu a identificação de materiais superiores, com potencial para trazer ganhos à cultura da palma forrageira.