O Arapaima gigas, conhecido popularmente no Brasil como pirarucu, é considerado um dos maiores peixes de água doce da América do Sul, sua carne é desprovida de espinhas e apresenta baixo teor de gordura, de forma geral o pirarucu, apresenta um atraente valor de mercado e grande importância para o comércio de pescado amazônico. A pele representa cerca de 20% do peso. Desta forma, foram realizados dois experimentos, sendo o experimento I que teve o objetivo de caracterizar a estrutura do couro de pirarucu (Arapaima gigas) e avaliar a sua resistência físico-mecânica, quando submetido aos curtimentos com tanino vegetal (acácia+ extrato de eucalipto, Corymbia torelliana) e com sais de cromo, já o II experimento, objetivou-se, analisar a morfologia e a qualidade de resistência em regiões e sentidos diferentes do couro de pirarucu (Arapaima gigas). Os resultados do experimento I, demostraram que os pirarucus utilizados, pesavam em torno de 35 Kg, e as peles pesavam 8,5Kg, correspondendo a 24,29% do peso corporal dos animais. Após o curtimento os couros apresentaram 128 cm de comprimento e a largura variou de 32cm x 15cm. Em relação a histologia, observou-se feixes de fibras colágenas transversais a superfície da derme. Observou-se também que na região da central e caudal do couro de pirarucu, as fibras colágenas da derme se apresentam em um arranjo paralelo mais compacto. Em relação ao teste de resistência dos couros, a técnica de curtimento (ou agente curtente utilizado no processo) influenciou apenas na elasticidade (alongamento) do couro, mas quando analisado a região do couro de pirarucu, independentemente do agente curtente utilizado, a região influenciou na força máxima aplicada na ruptura do couro e resistência a tração. No experimento II a espessura do couro variou de 3,47mm no sentido transversal na região da cauda a 4,30mm na região central e caudal. Os couros não apresentaram diferença significativa para alongamento, força máxima aplicada na determinação do rasgamento progressivo e o rasgo, cujas médias foram 28,68%, 188,78N e 52,24N/mm, respectivamente. Já para a força máxima aplicada na ruptura do couro e a tração houve interação para regiões e sentidos analisados. Quanto a elasticidade do couro, não houve diferença significativa. A análise dos cortes histológicos, no sentido transversal observou-se camadas de feixes de fibras colágenas acidófilas sobrepostas, paralelas e intercaladas, de forma organizada na estrutura da derme, pode-se observar que a resistência a tração foi significativamente menor na região da cabeça, quando analisado o sentido longitudinal (26,65 N/mm2), sendo que disposição e orientação das fibras colágenas nesse corte confirmam que são mais espaçadas e menos entrelaças, proporcionando menor resistência do couro à tração, nesse sentido. Por tanto, conclui-se que o couro de pirarucu apresenta um desenho de flor que caracteriza a espécie. Os couros na região central apresentaram maior resistência a tração, enquanto na região da cabeça, no sentido longitudinal a menor resistência a tração. A qualidade de resistência pode ser melhor compreendida, em função da distribuição das fibras colágenas ou da arquitetura histológica, das diferentes regiões e sentidos dos couros.