Com o desenvolvimento da aquicultura, a preocupação com a sustentabilidade ambiental da produção se tornou assunto recorrente, principalmente quando se trata de espécies carnívoras, pela necessidade de altos níveis de proteína dietética. Para aprimorar a prática, estudos para atender as necessidades nutricionais de cada espécie se tornaram cada vez mais necessários, além da preocupação com o processamento correto de rações, visando minimizar o impacto, otimizando o desempenho dos animais para a produção de peixes de qualidade. Com isso, foram realizados dois experimentos objetivando atender a necessidade nutricional de larvas de pirarucu e entender qual o processamento da ração que poderia favorecer os juvenis da espécie. O primeiro experimento avaliou os melhores níveis de proteína bruta e lipídeo que induzissem o crescimento e o desenvolvimento muscular das larvas de pirarucu (0,68 ± 0,16 g; 4,81 ± 0,35 cm). No início do período experimental, houve a transição alimentar do alimento vivo para o formulado com duração de 9 dias e oferta das rações por 21 dias. Foram ofertadas seis dietas experimentais com dois níveis de proteína e três níveis de lipídeo (CP38L8; CP38L10; CP38L12; CP43L8; CP43L10 E CP43L12) e foram avaliados os principais parâmetros de desempenho zootécnico. Além disso, oito peixes de cada tratamento foram eutanaziados e uma secção transversal acima da nadadeira anal foi retirada e incluída em parafina para as análises de celularidade muscular, em que foram avaliados a área muscular total (AMT), área média das fibras (AMF)s; número total de fibras (NTF), diâmetro médio (DM), número total de fibras por mm2 (NTF. mm2), D<20 µm e D>100 µm dos animais. Após as análises dos dados, observou-se que não houve diferença significativa no desempenho zootécnico dos peixes, porém, os grupos alimentados com a dieta CP43L8 apresentaram os melhores resultados na análise de celularidade muscular. O efeito poupador de proteína aconteceu nos animais alimentados com 38% pois apesar de não receber os nutrientes suficientes para demonstrar diferenças no desempenho, não diferiu estatisticamente do grupo alimentado com a dieta CP43L8 em alguns parâmetros como NTF; DM e D<20 µm. No segundo experimento foram ofertadas uma ração controle (C) e duas rações experimentais, em que a formulação era semelhante, porém os processamentos eram diferentes, pois houve a adição da energia térmica. A primeira dieta experimental (EM) foi hidratada com água em temperatura ambiente e contou somente com a energia mecânica da máquina extrusora, e em seguida foi formado os péletes, secos em estufa a 65 ºC e aspergido óleo. Para a segunda dieta experimental (EM+T), houve hidratação com água a 90 ºC (energia térmica) e contou com a energia mecânica da máquina, passando pelo mesmo processo da dieta EM. Os juvenis de pirarucu (125±0,51g e 25,58±0,25cm) foram alimentados por 45 dias até a saciedade aparente e foram avaliados os principais parâmetros do desempenho zootécnico e os principais metabólitos sanguíneos (colesterol, triglicerídeo, glicose e proteínas totais), além do glicogênio e lipídeo hepático. Ao avaliar os dados obtidos, o desempenho, os níveis de glicose e o glicogênio hepático apresentaram diferenças significativas ao comparar os peixes alimentados com as dietas formuladas e aqueles alimentados com as dietas controle. Porém, ao avaliar os grupos alimentados com as dietas experimentais, não houve diferença significativa entre si em nenhum dos parâmetros avaliados. Com isso, foi possível perceber que a adição da energia térmica não influenciou na biodisponibilidade dos nutrientes contidos na dieta experimental. Os resultados obtidos nesses estudos podem auxiliar na formulação de dietas para larvas de pirarucu, para que ocorra a diminuição de custos, assim como no processamento das rações, auxiliando na produção de ração para juvenis de pirarucu.