Os riachos tropicais são ecossistemas com elevada biodiversidade no mundo. Embora
sejam importantes para conservação, as atividades antrópicas estão alterando esses
ecossistemas, acarretando efeitos negativos na estrutura, funcionamento, na comunidade
aquática e até alteração climática local. Esses ambientes de água doce chamam atenção
pela pouca área de ocorrência comparado com outros ambientes, porém, possuem
relevância no desenvolvimento e permanência do crescimento humano pelos usos
múltiplos que a água possui. Os riachos de cabeceira constituem grande parte dos corpos
d’água em uma bacia hidrográfica, reforçando que, a conservação, monitoramento e
manejo mantém o equilíbrio e saúde desses ambientes da rede de drenagem que pertencem.
Inúmeros riachos de cabeceira estão inseridos próximo de áreas agrícolas, padecendo com
efeitos da agricultura intensiva. Nessa perspectiva, esta dissertação foi elaborada para
entender quais as alterações e efeitos que a monocultura de cana-de-açúcar vem causando
em riachos tropicais em municípios do Estado de São Paulo. Primeiramente foi realizada
uma revisão bibliográfica descrevendo brevemente sobre a monocultura canavieira no
Brasil, seguido da estrutura, funcionamento e dinâmica dos riachos de primeira ordem e
sua importância e na última parte é abordado a respeito dos macroinvertebrados bentônicos
e as funções realizadas por essa comunidade. O primeiro capítulo colabora no
entendimento das possíveis mudanças climáticas nas microbacias, após a substituição de
vegetação nativa (Campo Sujo – Cerrado) para canavial, principalmente nas variáveis de
temperatura e umidade do solo. O segundo capítulo avalia a distinção estrutural para cada
uso da terra, influência sazonal e quais parâmetros estruturais são mais relevantes e
afetados nos riachos próximos da monocultura de cana-de-açúcar. O terceiro capítulo
explora a comunidade de macroinvertebrados bentônicos mostrando se há distinção
taxonômica e funcional nos usos do solo e sazonal nas áreas de estudo. Nossos resultados
mostraram que, diversos temas devem ser investigados envolvendo a monocultura de canade-açúcar, principalmente sobre os temas climáticos das variáveis analisadas nesse estudo
(temperatura do ar e umidade do solo) entendendo a fundo acerca desses fatores em
distintos usos de solo utilizando mais réplicas, visto que, a diferença entre os fatores na
simulação climática não foi distinta. Em referência ao ambiente físico e estrutural dos
riachos, constatou-se que a degradação da vegetação ripária em monoculturas de cana-deaçúcar afeta parâmetros importantes na estruturação dos riachos de primeira ordem. A
presença da vegetação nativa apontou ser primordial na estrutura, dinâmica e
funcionamento dos riachos. Além de, oferecer diversos microhabitats para a comunidade
aquática, o que influência na riqueza e abundância de organismos nos usos do solo distintos
(canavial e vegetação nativa). O capítulo final avaliou os macroinvertebrados bentônicos.
Eles apontaram que o uso do solo afeta mais taxonomicamente e funcionalmente essa
comunidade, a qualidade da água foi afetada, quando levamos em consideração as
alterações significativas dos fatores físicos e químicos, além do índice EPT nos riachos
ocupados por monocultura de cana-de-açúcar em comparação aos com vegetação nativa.
Todavia, a análise sazonal (chuvoso e seco) não demonstrou diferença em diversidade,
riqueza entre os macroinvertebrados, onde somente os índices EPT obteve maior diferença
na época chuvosa, evidenciando reduzida influência sazonal nos riachos de cana-deaçúcar.