Introdução: O câncer é a principal causa morte em pacientes HIV, nos países economicamente desenvolvidos, mesmo na era da terapia antirretroviral (TARV). A principal causa de óbito nos pacientes com HIV/SIDA, no tocante à etiologia neoplásica, são os linfomas. Nos Estados Unidos, os linfomas não Hodgkin são o câncer mais comum. Objetivos: Descrever o perfil dos pacientes com HIV/ AIDS e que tem diagnóstico de doenças linfoproliferativas concomitantemente, nos 5 centros mencionados neste trabalho; bem como: Avaliar a incidência de linfoma da reconstituição imune e identificar fatores prognósticos para doenças linfoproliferativas e predizer suas respectivas interferências nas taxas de sobrevida. Casuística e Métodos: Foram recrutados pacientes provenientes do Hospital São Paulo/UNIFESP (HSP), Instituto Emílio Ribas (IIER), Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), Instituto do Câncer de São Paulo (ICESP) /HC da FMUSP e Centro Paulista de Oncologia (CPO), no período compreendido entre janeiro de 2000 a janeiro de 2019. Foram obtidos dados demográficos, características clínicas e epidemiológicas, exames laboratoriais, além dos exames de estadiamento de pacientes com diagnóstico anatomo patológico firmado de linfoma de Hodgkin ou não Hodgkin e com diagnóstico de HIV confirmado. Resultados A idade variava entre 17 e 79 anos, com mediana de 42 anos, 205 (74,3%) do sexo masculino e 71 (25,7%) do sexo feminino. 79 (28,6%) tinham ECOG 0, 128 (46,4%) com ECOG 1, 38 (13,8%) com ECOG 2, 13 (4,7%) com ECOG 3, oito (2,9%) com ECOG 4. Os linfomas eram em sua maioria, do tipo não Hodgkin, presente em 246 (89,2%) pacientes, seguidos por 26 (9,4%) pacientes com Linfoma de Hodgkin e três (1,1%) pacientes com doença de Castelman. Observamos que 40 (14,5%) tinham a medula óssea infiltrada. Na data do diagnóstico do HIV, tem-se dosagem de carga viral indetectável 93(38,9%) pacientes e detectável 146(61,1%). A contagem de CD4 superior a 200 ocorreu em 117(47%) pacientes, sendo inferior a 200 em 132(53%) pacientes. 172 pacientes (63,7%) usavam terapia antirretroviral. 160 (41,4%) pacientes apresentaram DHL normal e 150(58,6%) alterado. A beta 2 microglobulina, contagem de monócitos, linfócitos e relação linfócito monócito tiveram suas medianas estimadas em 3,2, 500, 1198 e 2,5 respectivamente. Conjuntamente, o ECOG e a recaída/recidiva do linfoma influenciaram estatisticamente na sobrevida dos pacientes (p < 0,05), sendo que o risco de mortalidade do paciente com ECOG (3/4) foi 2,68 vezes o risco do paciente com ECOG (0/1/2) e pacientes que apresentaram recaída/recidiva apresentaram risco de mortalidade 2,15 vezes o risco do paciente que não apresentou recaída/recidiva. O linfoma da Reconstituição imune (LRI) teve incidência de 9,8%. Conclusões: No presente estudo, observamos predomínio de pacientes do sexo masculino, com mediana de idade de 42 anos, ECOG satisfatório, 83,7% com estadio III/IV e linfomas não Hodgkin. O status do vírus HIV, a contagem de linfócitos CD4 inflenciaram na sobrevida dos pacientes avaliados e reforçam que controle adequado do vírus implica melhores defechos clínicos. Recaída e recidiva, conjuntamente, influenciaram na sobrevida dos pacientes. O emprego do rituximabe não parece ter trazido impacto nos desfechos de resposta desta coorte de pacientes com linfoma e HIV.