Carrapatos argasídeos são ectoparasitos hematófagos que estão associados a vertebrados voadores e terrestres, incluindo morcegos, aves, répteis, anfibios e, em alguns casos, o homem. Esses carrapatos possuem importância médico-veterinária, sendo importantes vetores de patógenos e causadores de toxicoses. A família Argasidae é composta por cinco gêneros: Antricola, Argas, Nothoaspis, Otobius e Ornithodoros, sendo este último aquele com maior número de espécies relatadas no Brasil. Os carrapatos do gênero Ornithodoros possuem importante papel na transmissão de microrganismos patogênicos, como Borrelia spp. Apesar disso, existem poucos estudos sobre a ocorrência desses ectoparasitos na região semiárida brasileira. Dessa forma, esse estudo teve como objetivo investigar a distribuição espacial e a diversidade de argasídeos em diferentes regiões do Ceará, estado localizado na região semiárida do Brasil. Os ectoparasitas foram coletados manualmente em sete municipios principalmente em residências, cavernas e ninhos de pássaros e roedores silvestres de seis regiões do estado: Vale do Jaguaribe (Potiretama), Região Norte (Sobral e Morrinhos), Costa Oeste-Vale do Curu (Jijoca de Jericoacoara), Serra da Ibiapaba (Ubajara), Sertão de Crateús (Crateús) e Sertão dos Inhamuns (Tauá). A identificação dos argasídeos baseou-se em análises morfológicas e moleculares. O gênero Ornithodoros foi o único encontrado: Ornithodoros cavernicolous (n = 176), Ornithodoros fonsecai (n = 81), Ornithodoros mimom (n = 12) e Ornithodoros rietcorreai (n = 4). A espécie O. cavernicolous foi a mais abundantemente encontrada. Embora poucos espécimes de O. rietcorreai tenham sido coletados, a presença dessa espécie deve ser destacada, pois estava parasitando humanos em ambiente domiciliar da zona urbana, evidenciando um potencial problema de saúde pública. As espécies O. fonsecai e O. mimom estavam associadas a cavernas colonizadas por morcegos e a ninhos de aves silvestres, respectivamente. Com relação à distribuição espacial dos argasídeos na região semiárida, novas regiões foram identificadas como ecótopos do gênero Ornithodoros. Além disso, identificamos uma possível nova espécie de carrapato pertencente a esse gênero, ampliando a fauna de argasídeos do Brasil. Novos estudos devem ser realizados para investigar os hospedeiros dos carrapatos argasídeos no bioma Caatinga e verificar seu potencial de transmissão de patógenos para animais domésticos, silvestres e humanos.