Com o aumento da população global, a demanda por fontes de proteínas derivadas do leite tem sido cada vez maior. A pecuária leiteira é uma fonte de renda para o pequeno e grande produtor. O cenário de produção de leite tem se tornado cada vez mais dinâmico para atender exigências atuais dos consumidores. Todavia há necessidade do fornecimento de uma dieta balanceada para suprir a exigência nutricional do animal. A alimentação representa 70% dos custos de produção pecuária. O uso de coprodutos é uma prática capaz de reduzir esses custos, já que permite substituir parcialmente componentes de dietas tradicionais, como o farelo de soja, um alimento proteico, e o milho, um concentrado energético. Porém, para o sucesso deste tipo de manejo, deve-se conhecer a eficiência do animal diante de dietas a base de coprodutos. Como alternativa, as tortas, resultantes do processo de extração de óleo de grãos de oleaginosas consistem em alimentos ricos em lipídeos e proteína. Os diferentes tipos de tortas oferecem as mais variadas composições químicas e bromatológicas, o que conferem distintas respostas do
animal. Nesse estudo, objetivou-se realizar uma revisão sistemática e uma meta-análise para avaliação dos efeitos de tortas na ingestão e digestibilidade aparente da matéria seca (DAMS), produção e composição do leite de vacas leiteiras em lactação. O levantamento dos desfechos para a revisão sistemática e aquisição dos dados da meta-análise foi conduzido nas bases de dados Science.gov, Scopus Preview, PubMed, Web of Science, SciELO, Science Direct, Portal de Periódicos CAPES, WorldWideScience.org, Google Scholar, Academia.edu, Portal de Busca Integrada e EpringerLink, considerando artigos publicados entre os anos de 2009 a 2019. O conjunto de dados usado na meta-análise foi oriundo de 51 trabalhos publicados entre 2009-2019, que resultaram em 119 estudos com 18 tipos de tortas avaliadas em 1.350 vacas. As dispersões dos dados de atributos das vacas e características das dietas foram analisadas usando BoxPlots. O tamanho do efeito de cada estudo foi mensurado pela diferença média padronizada e os modelos de efeitos fixo e aleatório foram ajustados. Testes de heterogeneidade e de víeis
de publicação foram aplicados. A análise de componentes principais foi utilizada para explicação da heterogeneidade dos resultados e identificação da contribuição de cada fração da dieta, tipo e teor de torta nas respostas das variáveis analisadas. As vacas alimentadas com tortas aumentaram a ingestão de matéria seca (IMS), em 0,366 kg d-1 (P <0,001) e IMS em função do peso vivo do animal em 0,103% (P<0,000) em relação à dieta sem torta. Já o teor de proteína do leite reduziu em 0,050% (P<0,010). Os teores de fibra em detergente neutro (FDN) (26 a 50%) e extrato etéreo EE (3% a 7%) das dietas com torta não afetaram a DAMS. O efeito da inserção da torta na produção de leite dependeu também da proporção de torta, concentrações de FDN e IMS. Tortas em níveis de 10 a 30% podem substituir o milho/soja da dieta sem afetar a produção de leite, a produção de componentes do leite (gordura, proteína e lactose) e os teores (gordura e lactose) do leite, mas podem reduzir o teor de proteína do leite.