Ainda há lacunas no conhecimento que precisam ser preenchidas sobre as formas como as matrizes adaptam-se fisiologicamente para evitar perdas durante a gravidez e como essas adaptações podem comprometer sua eficiência reprodutiva. Atualmente existem cerca de 56 milhões de vacas de corte no Brasil as quais podem ser beneficiadas com os avanços do conhecimento nessa área do conhecimento. Portanto, o objetivo desta pesquisa foi determinar o efeito da suplementação proteica (SP) durante o meio da gestação em vacas alimentadas com forragem de baixa qualidade sobre o desempenho, ingestão de alimentos, fisiologia, e metabolismo proteico no tecido muscular esquelético materno. Cinquenta e duas vacas, multíparas com 490 kg ± 17,8 de peso corporal (PC), 5,63 ± 0,52 de escore de condição corporal (ECC), da raça Tabapuã e portadores de bezerros machos e fêmeas foram distribuídos aleatoriamente em um dos dois tratamentos: Suplementação com 40% de proteína bruta (PB) ou 3,5g / kg de PC (SUP; n = 26) ou não suplementado 0% PB (CON; n = 26). Entre 100 a 200 dias de gestação, as vacas foram alojadas em baias individuais e submetidas a diferentes níveis de alimentação: sendo o CON conformado por uma dieta basal (silagem de milho + bagaço de cana, atingindo 5,5% PB mais mistura mineral) e o SUP conformado pela dieta basal + suplementação proteica. O PC e o ECC foram determinados a cada 30 dias até o pré-parto. O consumo de ração foi monitorado individualmente até o pré-parto, amostras de sangue, biopsias de tecido muscular esquelético e índice de pulsatilidade (IP) e resistência (IR) foram coletadas aos 200 e 270 dias de gestação. Os resultados serão publicados em dois artigos. No primeiro artigo a SP aumentou as reservas corporais representadas em maior PC materno, tecidos gestacionais, área de olho de lombo e garupa (P ≤ 0,01). Vacas CON perderam quase um ponto de ECC, enquanto SUP ganharam 0,59 pontos de ECC durante 100 dias. Porém, no periparto as vacas SUP mobilizaram maior quantidade de tecido materno (P ≤ 0,01). A suplementação aumentou a ingestão de forragem, de matéria seca total a digestibilidade total aparente dos nutrientes e a eficiência de síntese microbiana (P ≤ 0,01). Vacas CON apresentaram maior IR e IP (P ≤ 0,01) na metade da gestação. No segundo artigo vacas SUP tiveram aumentos concentrações plasmáticas de glicose, insulina e IGF-1, no entanto, os ácidos graxos não esterificados foram maiores (P ≤ 0,01) nas CON. Vacas SUP apresentaram aumentos de aproximadamente 50% na concentração de amino ácidos circulantes totais (P = 0,03), e aumentos entre 30 e 40% na expressão de mRNA de marcadores relacionados à síntese e degradação proteica durante a gestação. Os resultados sugerem que a SP a 3,5 g/kg do PC no meio da gestação pode ser útil para melhorar o estado energético das vacas, além de permitir um maior fluxo de nutrientes para o útero, permitindo um adequado crescimento e desenvolvimento fetal o que ajudará a preservar as reservas de tecido materno quando mantidas em pastagem de baixa qualidade.