Essa pesquisa objetiva compreender como a ecoformação e a transdisciplinaridade podem
contribuir no desenvolvimento de espaços de inteligibilidade, que leve uma professora
camponesa, de uma turma multisseriada em uma escola do campo, a ressignificar o seu processo
de formação docente e o seu agir pedagógico no processo de inclusão escolar. Para tanto,
tomamos como referencial teórico autores que se debruçaram sobre: a ecoformação, a
transdisciplinaridade, a Educação do Campo e a inclusão. Foi participante da pesquisa uma
professora de uma escola do campo – município de União dos Palmares – que lecionam em
uma turma multisseriada (fundamental I) que, entre seus estudantes, tem dois estudantes
diagnosticados com deficiência intelectual. Assim, a questão que orientou esse estudo
compreende em: como, sob o olhar da ecoformação e da transdisciplinaridade, promover
espaços de inteligibilidade, a fim de que uma professora camponesa que atua em uma turma
multisseriada do ensino fundamental I, em uma escola do campo, ressignifique o seu processo
de formação docente e o seu agir pedagógico no processo de inclusão escolar? Diante desse
questionamento, como aspecto metodológico tomamos como base a perspectiva teórica
epistemológica ecossistêmica que dispõe de uma ontologia e de uma epistemologia complexa
e, uma metodologia transdisciplinar considerando os três elementos constitutivos da
transdisciplinaridade: o terceiro incluído, os níveis de realidade e a complexidade que dispõe
dos operadores cognitivos para compreensão dos processos de intervenção, compreensão do
real. Essa pesquisa teve influência da pesquisa-ação existencial de Barbier (2007) e, como
procedimentos de produção dos dados foram utilizados: a entrevista semiestrutura, a
observação participante, o diário itinerante e as sessões reflexivas em um movimento
espiralado. Assim, como resultado dos dados interpretados foi apreendida a teia da relação
existencial da professora Semente Crioula tomando como base sua história de vida, reflexões e
suas ressignificações a respeito do (re)pensar a sua formação docente e práticas pedagógicas
para a inclusão frente ao processo educacional camponês vivenciado, proporcionando a ética
da religação e a reintrodução do sujeito cognoscente. Nesta pesquisa buscamos religar as
diversas dimensões da vida e os diversos saberes da professora Semente Crioula, não se
prendendo apenas aos conhecimentos científicos, mas enveredando por entre as inter relações
das vivências e conhecimentos plurais que se encontram no contexto social. O olhar da
ecoformação e da transdisciplinaridade possibilitou perceber a importância das relações
permeadas pela razão e a emoção na constituição da intersubjetividade e da subjetividade da
professora Semente Crioula, e repensar a sua prática pedagógica diante do processo de inclusão,
onde ela se percebeu como camponesa ao refletir sobre sua história de vida diante de momentos
que foi estimulada a relembrar suas vivências camponesas, seus medos e aflições que
influenciavam no seu atuar pedagógico. A professora ressignificou seu processo de formação
refletindo sobre a importância de respeitar o ritmo de aprendizado de cada estudante e, em sua
prática pedagógica repensou estratégias de envolver os saberes da comunidade aos saberes da
escola, dos ensinamentos escolares que está para além dos conteúdos programáticos. Ao mesmo
tempo a professora compreendeu diante das ações pedagógicas realizadas, repensadas,
replanejadas mediante reflexão que, não é desconsiderar um saber em detrimento de outro, mas,
articular os diversos saberes que na comunidade camponesa se encontra intimamente
relacionada a natureza, a terra, aos valores de pertencimento a um coletivo camponês.