O presente estudo foi desenvolvido junto ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFGD, na linha de Processos Comportamentais e Cognitivos, no conjunto de investigações do grupo de Pesquisa Processos de Saúde e Desenvolvimento: Investigações e Intervenções. A investigação teve os familiares como participantes, sendo direcionada a famílias com filhos de 1 a 3 anos de idade, frequentadores de um Centro de Educação Infantil de Dourados - MS, em atividades domiciliares durante o isolamento social em função da pandemia por Covid-19. Esse contexto exigiu o delineamento de novas estratégias junto às famílias, as quais passaram a atuar como mediadoras do processo educativo proposto pela Educação Infantil. A presente dissertação teve por objetivo geral o desenvolvimento de uma proposta de Consultoria Colaborativa Educacional à distância, possibilidades e desafios, junto às famílias de crianças da Educação Infantil no contexto da Covid-19. Especificamente, buscou-se: a) investigar as condições gerais de saúde e segurança de seus filhos de até 3 anos de idade durante a pandemia; b) estabelecer uma parceria escola-família que pudesse viabilizar a implementação das atividades propostas pela Educação Infantil no contexto natural das famílias. O estudo foi estruturado em duas fases, sendo a primeira de caracterização (Estudo 1) e a segunda de intervenção (Estudo 2). Na primeira fase, participaram 25 mães e seus respectivos filhos, de 1 a 3 anos de idade, matriculados em um Centro de Educação Infantil. A segunda fase foi disponibilizada a todas as famílias, com um recorte de 11 participantes para esta dissertação. Na Fase 1, a pesquisadora buscou identificar as necessidades e potencialidades percebidas pelas mães no contexto de isolamento social. Utilizou um grupo de WhatsApp para avisos coletivos e agendamento. Individualmente, em vídeo chamada do WhatsApp, realizou a entrevista inicial, com questões semiestruturadas sobre as condições de segurança da família durante a pandemia e observações acerca do desenvolvimento de seus filhos. As mães relataram com alta frequência estratégias de cuidado quanto à higiene e ao uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) pela família. Sobre o desenvolvimento de seus filhos, indicaram avanços na área de Linguagem e Desenvolvimento Motor, mas pouco relacionaram as atividades da vida diária com as situações promotoras de desenvolvimento, o que indicou para esse grupo necessidades de intervenção nessa área. O protocolo do Inventário Portage Operacionalizado (IPO) foi utilizado pela pesquisadora como instrumento inicial para proposição de práticas educativas no contexto natural na Fase 2. A partir dos descritores do protocolo, organizados em três subclasses para a idade de um a 3 anos (vestuário, alimentação e higiene) e a subclasse evitar riscos para idade de 2 a 3, a pesquisadora, que também era professora das crianças, propôs, junto às mães, um plano individualizado de intervenção. Inicialmente, apresentou uma devolutiva sobre a entrevista inicial e foi avaliada a viabilidade de inserção das atividades de autocuidados no planejamento da rotina de seus filhos. A partir de então, iniciou-se uma avaliação-intervenção de três semanas. Cada mãe escolhia a área em que gostaria de começar, indicava as habilidades que seu filho já realizava, as que precisava de apoio e o que ainda não fazia (ou não tinha observado). Na sequência, a consultora conversou sobre estratégias a serem desenvolvidas no ambiente da criança, a partir da sua realidade e possibilidades. As mães demonstraram um bom envolvimento durante o processo de consultoria. Para o grupo, realizou-se uma comparação dos momentos pré e pós intervenção, a partir do teste de Wilcoxon, indicando ganho significativo para a área de autocuidados (p=0,005), principalmente nas subclasses vestuário (p=0,017) e higiene (p=0,008). A relação de atividades do cotidiano como inerentes ao processo de aprendizagem e desenvolvimento infantil pode favorecer o diálogo entre os profissionais da educação infantil e as famílias, de forma participativa, sem que haja uma sobrecarga de atividades para os pais, visto que as atividades propostas ocorrem no contexto da família.