O produto natural Cromomicina A5 (CA5) tem se destacado como um promissor agente
quimioterápico, pois possui efeito citotóxico comprovado sobre várias linhagens de células
cancerígenas. No entanto, esses efeitos poderão se estender às células saudáveis, inclusive às
células germinativas. Assim, a associação de quimioterápicos com substâncias com potencial
antioxidante, como o ácido alfa-lipóico (ALA), pode minimizar os efeitos indesejáveis. Dessa
forma, objetivamos verificar a dose letal média (DL50) de CA5 na maturação in vitro de oócitos
bovinos e avaliar se o ALA é capaz de atenuar os efeitos tóxicos causados pela CA5. Para isso,
no experimento 1, oócitos foram maturados in vitro na ausência (TCM-199+ - controle) ou
presença de diferentes concentrações de CA5 (50 nM; 80 nM; 100 nM; 200 nM) para definir a
concentração da DL50. Já no experimento 2, oócitos foram maturados na ausência (TCM-199+
- controle) ou na presença de 200 nM de CA5 (CA5200), 100 nM de doxorrubicina (DXR100),
100 μM de ALA (ALA100) ou na associação de 200 nM de CA5 e 100 μM de ALA
(CA5+ALA). Após o período de maturação, os oócitos foram submetidos a análise da
morfologia da cromatina e do envelope nuclear; níveis intracelulares de espécies reativas de
oxigênio (EROs); potencial de membrana mitocondrial (PMM) e expressão das proteínas β-
catenina e caderinas. Os dados do experimento 1 mostraram que a concentração de 200 nM de
CA5 resultou nas menores taxas de oócitos em metáfase II (MII), comparado ao controle, sendo
definida como DL50. No experimento 2, os tratamentos ALA e CA5+ALA apresentaram
maiores taxas de MI comparados ao controle. Por outro lado, os tratamentos DXR, CA5 e
CA5+ALA apresentaram menores taxas de MII do que o controle. Além disso, os tratamentos
CA5 e CA5+ALA apresentaram taxas de MII inferiores aos oócitos expostos somente ao ALA.
Resultados similares foram observados para a taxa de degeneração oocitária, tanto com relação
ao ALA, quanto ao controle. Em relação aos níveis de EROs os tratamentos ALA e CA5+ALA
foram inferiores ao controle. Além disso, os níveis de EROs no tratamento ALA foram
inferiores aos observados na presença de DXR. O PMM foi menor no tratamento ALA do que
no controle e DXR, não diferindo dos oócitos expostos à CA5 e CA5+ALA. Além disso, o PMM
do tratamento DXR foi maior do que na presença apenas da CA5. Foi observada uma menor
expressão para a β-catenina nos oócitos expostos à DXR, CA5 e CA5+ALA, comparados ao
controle. A expressão das caderinas, foi inferior nos oócitos expostos à CA5+ALA, comparado
ao controle e ALA. Além disso, foi observada correlação positiva na expressão de β-catenin e
caderinas com taxa de MII. Por outro lado, a correlação entre a expressão de β-catenina e a taxa
de degeneração oocitária foi negativa. Em conclusão, este estudo mostrou que a DL50 de CA5
para oócitos bovinos maturados in vitro é 200 nM e que embora a CA5 tenha causado toxicidade
aos oócitos, o ALA revelou um grande potencial para atenuar esses efeitos.