O objetivo deste estudo foi investigar a influência da velocidade de imersão da ração sobre os comportamentos alimentar e agressivo, bem como o desempenho zootécnico e homogeneidade do lote de juvenis de tambaqui. Para a obtenção das dietas experimentais as configurações da extrusora foram ajustadas para obter péletes com diferentes velocidades de imersão: ração que afunda rapidamente (RAR), ração que afunda lentamente (RAL) e ração que flutua (RF), as quais configuravam os tratamentos. O presente estudo foi dividido em três etapas. Na etapa 1 foi realizado os testes da qualidade física dos péletes: umidade (U), densidade aparente (DA), flutuabilidade (F), taxa de expansão (TE), índice de solubilidade em água (ISA), índice de absorção de água (IAA), índice de durabilidade dos péletes (IDP), resistência a água (RA), velocidade de imersão (VA) e microestrutura dos péletes . Na etapa 2 foram utilizados 48 indivíduos para a análise do comportamento alimentar e agressivo dos juvenis de tambaqui. Os peixes foram distribuídos em 12 aquários (55L, n=4; 4 peixes/aquário) em um delineamento inteiramente casualizado com três tratamentos (RAR, RAL e RF). Para a análise das interações comportamentais, os peixes foram filmados durante 3 dias, com duração de 5 minutos após a arraçoamento, nos horários 08:00 e 16:00 h, totalizando 360 minutos de observação. Foram elaborados etogramas do comportamento alimentar e da interação agressiva que foram utilizados na quantificação da frequência das respectivas unidades comportamentais. Para a investigação da influência da velocidade de imersão dos péletes sobre o desempenho zootécnico (Etapa 3), utilizamos 225 peixes que foram igualmente distribuídos em 15 tanques circulares de polietileno, volume útil de 260 L, em um delineamento inteiramente casualizado com os mesmos tratamentos (RAR, RAL e RF) e cinco repetições (15 peixes/tanque). O arraçoamento foi realizado quatro vezes ao dia (8:00, 11:00, 14:00, 17:00 horas) com 3% da biomassa durante 9 semanas. Foram avaliados os parâmetros zootécnicos: conversão alimentar aparente; taxa de eficiência alimentar; ganho em peso; ganho em peso diário; taxa de crescimento relativo, fator de condição; consumo total de ração e sobrevivência. Os dados das etapas 1 e 3 foram submetidos a análise de variância (One-way ANOVA) seguido pelo teste de Tukey (p < 0,05). Os dados da etapa 2 analisados por Kruskal-Wallis, seguido pelo teste de Fisher LSD (p < 0,05). Para avaliar a estabilidade da hierarquia de dominância foi utilizado Coeficiente de concordância de Kendall. Na etapa 1, todas as variáveis apresentaram diferenças significativas, com exceção do ISA e IAA. Há relação inversa entre TE e DA. Péletes com maior TE apesentaram menor DA. Desta forma, a RF foi a única que apresentou 75,33% de F. As demais dietas, afundaram logo que lançadas em água, com velocidades de imersão 3,22 ± 0,40 e 7,37 ± 0,94 cm/s, respectivamente. Os teores de U das rações, após a secagem, permaneceram inferiores a 10%. IDP foi estatisticamente menor para as dietas da RF, com 99,69 ± 0,03, devido ao aumento da TE, que resulta em péletes com paredes mais finas e menos resistente ao estresse mecânico. Na etapa 2, o consumo alimentar dos peixes que ingeriram RF foi mais demorado, totalizando 8,68 ± 2,86 minutos. Enquanto os tratamentos RAR e RAL foram iguais estatisticamente, com 0,18 ± 2,46 e 0,21 ± 3,89 min respectivamente. Provavelmente, devido a característica física da RF de flutuar na água e não possuir movimento, os animais não se alimentaram com a mesma motivação que os animais alimentados com a RAR e RAL, que afundam logo que lançadas em água. Os peixes alimentados com a RAL apresentaram maior agressividade em relação aos animais submetidos aos tratamentos RAR e RF. Isso indica que péletes da RAL ficam disponível por mais tempo na coluna d água e, portanto, os peixes apresentaram com maior competição por alimento, o que pode ser evidenciado pela maior frequência de interação agressiva e instabilidade social. Os resultados da Etapa 3, indicaram que os animais alimentados com RAR e RAL consumiram maior quantidade de ração, com 1798,07 ± 51,07 e 1783,98 ± 113,03, respectivamente, quando comparados aos grupos de peixes que ingeriram à RF (1596,08 ± 62,59 g). Apesar do ganho em peso entre os três tratamentos serem estatisticamente iguais, com valores de 79,46 ± 5,76g, 78,54 ± 15,85g e 72,16 ± 9,03g respectivamente, os valores de coeficiente de variação indicam que os peixes que foram alimentados com o tratamento RAL foram menos homogêneos com o valor de 15,9%. Desta forma, RAR é indicada para a alimentação de juvenis de tambaqui, pois os peixes apresentaram hierarquia social estável com baixa agressividade e melhor homogeneidade do lote.