Diversas moléculas naturais tem potencial de utilização como aditivo sustentável e
seguro para alimentação de ruminantes, possibilitando aumento da produtividade e
redução de impactos ambientais. Objetivou-se avaliar o efeito de doses crescentes de
extrato de tanino condensado de Acacia mearnsii (TAN): 0,00; 0,08; 0,16; 0,32 e 0,64%
(da matéria seca da dieta; MS) sobre a digestibilidade de nutrientes e parâmetros
ruminais. Hipotetizou-se que baixas doses de TAN podem reduzir relação
acetato:propionato sem alterar digestibilidade dietética, pH ruminal e produção total de
AGV. Realizou-se três experimentos: cultivo anaeróbico contínuo (in vitro; E1); in situ
(E2) e cultura por batelada (in vitro; E3). Para obtenção de inóculo para E1 e E3 e
incubação de E2, utilizou-se bovinos nelores canulados no rúmen. O E1 foi conduzido
em quadrado latino replicado 5x5, com cinco períodos de 10 dias (7 de adaptação e 3 de
coleta). A cultura foi mantida em anaerobiose com temperatura controlada e as dietas (2
mm) foram fornecidas duas vezes ao dia. O E2 foi conduzido em delineamento em 2
blocos casualizado, replicados em 3 períodos. O E3 foi conduzido em delineamento de
blocos casualizado, considerando o período de incubação como bloco. Para
procedimentos estatísticos utilizou-se PROC MIXED do SAS, com período, tratamento
e quadrado como efeito fixo e unidade experimental como efeito aleatório para E1;
bloco, tratamento e período como efeito fixo para E2 e bloco e tratamento como efeito
fixo para E3. Utilizou-se a declaração LSMEANS para comparação de médias, com o
ajuste proposto por Tukey-Kramer para efeitos significativos. Comparou-se, por
declaração CONTRAST, dietas com (CT) e sem (ST) tanino e dietas com menor (BT;
0,08 e 0,16%) e maior (AT; 0,32 e 0,64%) inclusão de tanino. Realizou-se teste de
ajuste linear ou quadrático para relacionar dose de TAN e variáveis respostas.
Estabeleceu-se significância em P ≤ 0,05 e tendências com P ≤ 0,10. Em E1, não houve
diferença na digestibilidade da proteína bruta (PB; P=0,07) e CT aumentou a
digestibilidade da matéria orgânica (P=0,02; 51,0 vs 49,3%) e matéria seca (P=0,04;
46,4 vs 45,2%), comparado a ST. O pH não diferiu entre tratamentos (P>0,10). A
concentração final de amônia foi inferior em dietas com AT, em relação a BT (0,69 vs
0,56 mg/dL; P<0,01). Concentração de isobutirato foi superior em 0,08% TAN
(P<0,01). Ainda em E1, inclusão de TAN (CT) reduziu total de AGV (P<0,01), acetato
(P<0,01), butirato (P=0,04), valerato (P=0,03) e acetato:propionato (P<0,05),
comparado a dietas ST. Em E2, observou-se efeito quadrático (P<0,02) entre doses de
TAN e digestibilidade de MS e PB. Dietas CT reduziram a digestibilidade da MS (58,9
vs 54,5%; P<0,01) e PB (56,1 vs 54,4%; P=0,03), enquanto que a digestibilidade da PB
foi superior para AT, em relação a BT (P<0,01). Em E3, observou-se menor teor de
acetato (P<0,01) e maior de butirato (P<0,01) quando adicionado TAN. Adição de
TAN comparado ao controle reduziu a relação acetato:propionto, aumentou
digestibilidade da matéria seca e matéria orgânica dietética e não alterou pH e
concentração amoniacal do meio, porém reduziu o total de AGV e acetato.