O Brasil é um país com relevante casuística de desastres ambientais, sejam eles naturais ou antropogênicos. Em 25 de janeiro de 2019, ocorreu o rompimento da barragem B1, da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho – MG, culminando com a liberação de 13 milhões de metros cúbicos de lama que ocasionaram a morte de centenas de pessoas e animais. Após o incidente, ações foram implementadas pela empresa que gerenciava a barragem, conforme determinações do Ministério Público de Minas Gerais e dos órgãos ambientais. Este trabalho objetivou analisar os danos causados à fauna impactada, as ações reparadoras destinadas à mitigação destes danos e analisar a o papel do médico veterinário dentro do contexto do desastre ambiental causado pelo rompimento da Barragem BI do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), no período de 25 de janeiro de 2019 a 25 de janeiro de 2020. No período do estudo, foram analisados o desenvolvimento da estrutura organizacional, a criação das instalações para atendimento à fauna, os serviços de atenção à fauna, o estabelecimento das relações de nexo causal entre o animal e o desastre, os programas de atendimento à fauna e o efetivo de profissionais médicos veterinários envolvidos nas ações relacionadas à fauna. Observou-se, dentro do total de programas de atendimento à fauna desenvolvidos em campo, que o programa prospecção de fauna terrestre representou 51,55%, sobrevoo 39,55%, atendimento veterinário 7,47%, supressão vegetal 1,16% e fauna atropelada 0,27%. O Hospital Veterinário Vale registrou 1.607 atendimentos veterinários aos animais da comunidade e 648 atendimentos veterinários aos cães do Corpo de Bombeiros Militar. A Fazenda Abrigo de Fauna registrou 1.281 atendimentos. A análise do nexo causal revelou que quase a metade dos casos (48,98%) envolveu as propriedades diretamente afetadas pelo rejeito (12,49%) ou aquelas próximas ao rejeito (8,38%) ou ao rio Paraopeba (28,11%). Observou-se a presença efetiva de médicos veterinários nas áreas operacionais voltadas à mitigação dos danos causados pelo desastre, no entanto, observaram-se poucos médicos veterinários presentes nos ambientes de tomada de decisão, sobretudo no setor de planejamento, onde este profissional estava ausente. Espera-se, com a análise dos resultados, considerar o maior envolvimento e atuação do médico veterinário em desastres ambientais configurando uma importante medida para garantir a saúde e bem-estar animal, a segurança alimentar da população humana local, o controle da disseminação de zoonoses e doenças emergentes, além da ação em conjunto com uma equipe multidisciplinar para garantir a redução dos impactos à comunidade no momento imediato a um desastre ambiental e, sobretudo, a médio e longo prazos