A partir de uma abordagem interdisciplinar, que entrelaça, especialmente, gênero, raça e cultura popular, esta dissertação intenta uma narrativa, cujo centro é ocupado por uma mulher negra, rural, viúva, curadora de Jarê, líder do Reisado Três Reis Magos e moradora do distrito de Tanquinho de Lençóis, na Chapada Diamantina – conhecida popularmente como dona Derina. Considerando todas essas dimensões, analiso as intersseccionalidades de opressões, que marcam de modo decisivo a vida dela, bem como as ações que lhe possibilitam subverter a ordem imposta pelo patriarcado, tomar o local de poder e buscar a equidade de gênero, marcando, assim, a importância das manifestações culturais para a visibilização de grupos excluídos e a fé como força motriz para a continuidade das tradições. O corpus documental, cuja leitura perpassa por estudos feministas, especialmente, o Feminismo Negro; a cultura popular, destacando a poesia, os elementos da Performance e do espetáculo, constitui-se de fontes orais e escritas. Assim, para tentar captar a complexidade e dinamismo do Reisado e da história de dona Derina houve a necessidade de utilizar metodologias de cunho qualitativo, como a história oral e entrevistas.