A considerável produção brasileira de rochas ornamentais tem significativo impacto
econômico, como a geração de empregos, e ambiental, como a elevada produção de resíduos
sólidos em suas etapas de extração e beneficiamento. A problemática dos resíduos sólidos vem
sendo discutida de forma mais incisiva no Brasil desde a implementação da Política Nacional
de Resíduos Sólidos, no ano de 2010, que fomentou diversas pesquisas que visam a reutilização
de resíduos sólidos, inclusive os provenientes da mineração, para o desenvolvimento de novos
materiais de construção. O uso e a aplicação do resíduo proveniente do beneficiamento dos
blocos de rochas ornamentais, sejam de granito ou mármore, já foi objeto de estudos
tecnológicos que avaliaram a sua aplicação em materiais cerâmicos e cimentícios, entretanto
algumas avaliações complementares, como a sua Avaliação do Ciclo de Vida ainda não são
bem exploradas na literatura. Sendo assim, o objetivo deste estudo consistiu em discutir os
principais impactos ambientais relacionados à fabricação de artefatos de cerâmica vermelha,
comparando a produção convencional versus a produção de artefatos incorporados com
resíduos de rochas ornamentais. Para tanto, a Avaliação do Ciclo de Vida foi conduzida de
acordo com as normas ISO 14.040 e 14.044. Para esta pesquisa, foi utilizado o resíduo de rocha
ornamental oriundo do município de Cachoeiro do Itapemirim – ES e a argila do município de
Campos dos Goytacazes – RJ. Foi realizada a modelagem do sistema, utilizando o software
SimaPro e a base de dados da Ecoinvent, para a Avaliação do Ciclo de Vida do artefato
cerâmico para a avaliação da potencialidade ambiental quanto ao uso do resíduo de rocha
ornamental em materiais cerâmicos utilizando insumo energético alternativo para a queima,
contribuindo para a efetividade da reutilização do resíduo pela indústria cerâmica. A avaliação
identificou que o resíduo de rocha ornamental incorporado ao artefato cerâmico teve potencial
significativo na diminuição dos impactos ambientais e que o insumo energético alternativo na
queima os torna ainda mais relevantes. Os impactos mais expressivos são os relacionados a
emissão de gases de efeito estufa, 35,74% de redução, devido ao processo de queima
alternativo, e escassez de recursos minerais, 14,83% de redução, devido a inserção do resíduo
de rocha ornamental, o que enfatiza que o artefato cerâmico com o resíduo incorporado
contribui para a mitigação dos impactos.