SILVA, E.F. Microplásticos e Detritos Marinhos: Diagnóstico da poluição nas praias da
Região Oceânica de Niterói e percepção ambiental dos moradores do entorno das lagoas
de Itaipu e Piratininga. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Biossistemas, Universidade Federal Fluminense, Niterói/RJ. 2020.
O plástico, mesmo com todos os benefícios proporcionados à sociedade enquanto utilitário,
transformou-se em um impacto ambiental global, e a poluição por polímeros tem sido um
problema há décadas, alinhada por uma junção de uma sociedade atraída por consumo e uma
gestão inadequada dos resíduos. Quando este material é exposto a condições ambientais
diversas e interação com a biota local sofre fragmentação e resulta em detritos, que sendo
menores que 5 mm de diâmetro são denominados de microplásticos. Em virtude dos impactos
provocados ao meio ambiente, em destaque o aquático, avaliou-se a poluição por
microplásticos e detritos marinhos em sedimentos nas praias da região oceânica de Niterói:
Praias de Piratininga, Itaipu, Sossego e Camboinhas. Para tanto, adotou-se o protocolo
elaborado pelo projeto regional da IAEA (International Atomic Energy Agency) para coleta
e caracterização física e química dos microplásticos (MPs). Através das análises, utilizando
a técnica de espectroscopia no infravermelho médio (MIRS) foi possível caracterizar os
polímeros encontrados. Com relação aos detritos marinhos (> 5 mm), utilizou-se o protocolo
UNEP (United Nations Environment Programme) para qualificação e quantificação. Foi
utilizado também, o índice CCI (Clean Coast Index) como cálculo para determinar a
quantidade de itens de detritos plásticos por área amostrada e o grau de sujidade das praias.
Paralelamente a esta avaliação, foi aplicado um questionário aos moradores do entorno das
lagoas de Piratininga e Itaipu, visando avaliar a percepção sobre a conservação ambiental
local e discutir sua relevância como ferramenta de apoio para a gestão ambiental municipal.
A avaliação da poluição por microplásticos nas praias da região oceânica de Niterói
utilizando a metodologia aplicada teve efeito satisfatório. Coletaram-se 220 MPs no decorrer
da pesquisa, com uma concentração média de 148 MPs/m² no inverno e 28 MPs/m² no verão.
Os polímeros predominantes foram o poliestireno – PS (inverno 52% e verão 29%) e o
polietileno – PE (inverno 23% e verão 43%). Na caracterização física a cor mais frequente
foi branca, nos dois períodos e a categoria predominante foi isopor no inverno e filamento
no verão. Os detritos predominantes foram os itens plásticos (inverno 84,4% e verão 72,8%)
em destaque as embalagens de alimentos nos dois períodos. O CCI foi aplicado e durante o
inverno, as praias de Itaipu, Piratininga e Camboinhas foram classificadas como “moderada”,
“limpa” e “moderada”, respectivamente e, a praia do Sossego foi classificada como “suja” e
para o período do verão as praias de Piratininga e Camboinhas como “limpas” e as praias de
Itaipu e Sossego como “moderadas”. Foi notória a participação dos usuários das praias na
contribuição destes resíduos, alinhada a uma deficiência de gestão de resíduos sólidos neste
ambiente. Constatou-se que parte dos entrevistados demostrou dominar conceitos sobre
conservação ambiental. A visão predominante é que existe a necessidade de ações por parte
do poder público, principalmente pelo cenário atual da área de estudo, uma vez que se
constatou a existência de uma gestão conflitante entre Estado e Município, e a necessidade
de maior envolvimento da população.