A inclusão de aditivos antimicotoxinas (AAMs) em rações para aves é uma das principais estratégias para reduzir os efeitos prejudiciais das micotoxinas. AAMs são substâncias capazes de adsorver, inativar, neutralizar ou biotransformar micotoxinas. O objetivo deste trabalho foi desenvolver uma metodologia ex vivo para avaliação de AAMs utilizados na produção avícola. Explantes jejunais de frangos de corte destinados ao consumo humano foram utilizados em dois estudos para testar a eficácia de AAMs frente à aflatoxina B1 (AFB1) e ao deoxinivalenol (DON); o efeito direto de DON sobre as vilosidades intestinais também foi investigado. Quatro pares de câmaras de Ussing com área de contato intestinal de 1,0 cm² foram mantidas a 37 ºC e borbulhadas com carbogênio durante 120 min. No estudo 1, seis AAMs disponíveis comercialmente (aditivo antimicotoxinas - AAM 1 a 6) tiveram sua capacidade de reduzir a absorção intestinal de AFB1 avaliada a fim de verificar eficácia. Explantes jejunais (n=4/ave) foram obtidos de 60 frangos no abate, totalizando 240 amostras (40 amostras/AAM). Os explantes foram submetidos a dois tratamentos por AAM: T1 (controle) - 2,8 mg/L de AFB1 e T2 - 2,8 mg/L de AFB1 + 0,5% AAM. Os AAMs também foram testados in vitro para avaliar a adsorção de AFB1 em fluido intestinal artificial. O estudo 2 analisou o impacto deletério de DON sobre as vilosidades intestinais e a eficácia de um AAM. Dois experimentos foram conduzidos para avaliar parâmetros histopatológicos e imunohistoquímicos: Experimento 1) T1 (controle positivo) - somente solução tampão, e T2 - 10 mg/L de DON (duas replicatas/tratamento); e Experimento 2) T1 (controle positivo) - somente solução tampão, T2 (controle negativo) - 10 mg/L de DON, T3 - somente o AAM (0,5%) e T4 - 10 mg/L de DON + 0,5% AAM. Explantes jejunais (n=4/ave) foram obtidos de 22 frangos no abate, totalizando 88 amostras (40 e 48 amostras para os experimentos 1 e 2, respectivamente). Os resultados do estudo 1 demonstraram que AAM1 ao AAM6 reduziram a absorção intestinal de AFB1 nos ensaios ex vivo em 67,11%, 73,82%, 80,70%, 85,86%, 86,28% e 82,32%, respectivamente; já nos testes in vitro, AAM1 ao AAM6 apresentaram adsorção de 99,72%, 99,37%, 99,67%, 99,53%, 99,04% e 99,15%, respectivamente. Não houve correlação entre os achados ex vivo e in vitro. Quanto ao estudo 2, DON reduziu o tamanho dos enterócitos e de seus núcleos e aumentou a vacuolização do citoplasma, o desnudamento do ápice das vilosidades e o número de células apoptóticas no Experimento 1; os parâmetros investigados no Experimento 2 revelaram que o uso do AAM mitigou os efeitos prejudiciais de DON sobre as vilosidades intestinais. A presente avaliação demonstra que o modelo ex vivo utilizando explantes intestinais de frangos de corte montados em câmaras de Ussing é uma ferramenta viável para complementar ensaios in vitro e in vivo empregados na avaliação da eficácia de AAMs e também para a triagem de novos compostos. Além disso, essa metodologia pode ser aplicada para determinar o impacto negativo de DON na integridade do epitélio intestinal de frangos de corte