Esta dissertação tem como objetivo analisar a presença do trágico como elemento essencial nos romances Os servos da morte (1946), Memórias de lázaro (1952) e Corpo vivo (1962) de Adonias Filho. Para tanto, faz-se uso do método dedutivo de análise literária. Num primeiro momento, procura-se captar o sentido da tragédia ática e do trágico à luz dos ensinamentos clássicos de Aristóteles e de autores modernos, como Nietzsche, Goethe, Pierre Vernant e Vidal-Naquet, Albin Lesky, Mircea Eliade, Paul Harvey e Junito de Souza Brandão. Nos romances de Adonias Filho focalizaram-se os aspectos que melhor configuram o sentido trágico, ora reelaborado na caracterização das personagens construídas a partir dos arquétipos gregos, ora identificável em elementos textuais que tornam o diálogo romance/tragédia mais latente, tais como as constantes interferências do narrador, e a presença do fatum como elemento que impulsiona a engrenagem que conduz ao desfecho trágico. Por serem Os servos da morte, Corpo vivo e Memórias de lázaro romances contemporâneos, destacam-se neles não somente os elementos conteudísticos de influência clássica, mas também os elementos de ruptura por meio do discurso peculiar do autor. Por meio das releituras dos mitos propostas por Adonias Filho, é possível comprovar que temáticas fundamentais perpassam a história da literatura: a presumida ruptura com os modelos antigos constitui-se, na verdade, um elemento provocador perene da inovação na arte literária, justificando uma constante recorrência aos pressupostos clássicos. Resulta do presente trabalho de pesquisa uma contribuição a mais à fortuna crítica de Adonias Filho, constatando-se que o romancista reatualiza o trágico e, de novo, confere universalidade e atemporalidade à tragédia, com inegável originalidade e arte.