O colapso de traqueia (CT) é uma doença degenerativa e progressiva, que
afeta principalmente pets de meia idade a idosos. Até o presente momento, não se
sabe todo o mecanismo fisiopatológico por detrás dessa alteração, mas alguns
autores já demonstraram que os anéis traqueais de animais acometidos apresentam
degeneração com concomitante diminuição de glicosaminoglicanos e
hipocelularidade. Tais alterações acarretam maior fragilidade cartilaginosa, e
afrouxamento da membrana traqueal. Consequentemente, há um colapso dinâmico
da traqueia (LOPEZ-MINGUEZ et al., 2019). Sabe-se que os animais mais acometidos são cães de pequeno porte,
sendo algumas raças mais frequentemente observadas, tais como: shih-tzu;
chihuahua; maltês; Lulu da Pomerânia; Yorkshire terrier; Pinscher. Além de maior
prevalência nessas raças, observa-se ainda maior ocorrência de sinais clínicos em
pacientes obesos e mais velhos (ROZANSKI, 2015; JEUNG et al., 2019; LOPEZMINGUEZ
et al., 2019).
Pacientes acometidos podem apresentar distintos sinais clínicos inerentes
ao trato respiratório. Contudo, a tosse seca e alta é o sinal clínico mais frequentemente
observado. Além desta, intolerância a exercícios, cianose, dispneia e síncope podem
se fazer presentes (LOPEZ-MINGUEZ et al., 2019). Os tratamentos medicamentosos, atualmente utilizados para o manejo de pacientes com CT visam diminuir o estresse respiratório, sendo assim, melhorar a
qualidade de vida dos mesmos. São inúmeras as abordagens terapêuticas já
relatadas, dentre elas a utilização de corticoesteróides, antitussígenos,
broncodilatadores, antibióticos, na presença de infecção secundária e até mesmo a
utilização de esteroides androgênicos como o stanozolol (ADAMAMA-MORAITOU et
al., 2011; KORMAN & WHITE, 2013; LOPEZ-MINGUEZ et al., 2019). Contudo o manejo terapêutico nem sempre se mostra eficaz, e o paciente continua apresentando alta frequência de sinais clínicos, sendo muitas vezes
necessário manejo cirúrgico para prover melhor qualidade de vida a esses pacientes.
Não há um consenso de qual é a técnica cirúrgica mais adequada para o tratamento
do CT. Porém diferentes metodologias já foram descritas, desde abordagens para a
colocação de próteses de polipropileno extraluminais, previamente relatadas por
HOBSON (1976), à colocação de próteses intraluminais confeccionadas a partir de
nitinol (MORITZ et al., 2004; BEAL, 2013; TINGA et al., 2015; SUEMATSU et al.,
2019). Sabe-se que poucos estudos buscaram compreender e estabelecer
melhores protocolos terapêuticos para o CT em cães. Portanto, devido as altas taxas
de complicações relatadas nas técnicas cirúrgicas preconizadas, bem como a
biocompatibilidade do material utilizado nessas próteses, faz-se necessária a
realização de novos estudos que busquem melhores taxas de sucesso e menores
taxas de complicações no manejo de CT em cães, a fim de garantir melhor qualidade
e expectativa de vida a estes pacientes. Assim sendo, tem-se como hipótese deste estudo a utilização de nova
prótese helicoidal de nitinol, para resolução do CT intratorácico, com consequente
estabilização traqueal e menores complicações respiratórias geradas pelo CT nos
pacientes acometidos. Espera-se que essa prótese mostre-se efetiva em relação à
técnica operatória, bem como na redução das complicações trans ou pós operatórias.