Partindo da concepção de autoria como uma tomada de posição, frente às diversas vozes sociais, a partir da apropriação e reestruturação do discurso alheio, neste trabalho, investigamos os indícios de autoria em artigos de opinião, produzidos no processo seletivo para ingresso discente no curso técnico subsequente em Zootecnia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia IFRN, Câmpus Apodi. A proposta apresentada na prova sugere que o candidato produza um texto no gênero artigo de opinião, em que discuta a educação profissional no Brasil, e disponibiliza dois textos de apoio com a temática com os quais o candidato deverá dialogar para fundamentar a sua argumentação. O trabalho tem suporte teórico na abordagem sócio-histórica de linguagem de Bakhtin (1995; 2010), fundada na perspectiva dialógica, que aponta para a responsividade da linguagem, segundo a qual não há discursos que não apontem para o já-dito, nem para uma resposta. Partimos da concepção de autoria de Bakhtin (2010) e de Possenti (2001; 2002), que analisa a autoria como uma categoria discursiva em que o produtor do texto dá voz a outros enunciadores. Como procedimento de análise, selecionamos 12 textos e analisamos separadamente em cada texto, os indícios de autoria através da apropriação das vozes de outrem e das marcas de subjetividade, que expressam posicionamento do autor. Em dois terços dos textos analisados, percebemos que os alunos apresentaram dificuldades na apropriação das vozes dos textos de apoio, uma vez que, de modo geral, o diálogo que eles estabelecem com as ideias de suporte é através de transcrições de fragmentos dos textos de apoio, de forma descontextualizada. Identificamos textos com autoria construída em apenas um terço do corpus. Dessa forma, a conclusão é que o nosso educando ainda apresenta limitações na produção de textos autorais, e, portanto, tem dificuldade para atuar de forma autônoma e responsiva, marcando sua posição por meio da linguagem.