RESUMO
SANTOS, N. S. Detecção de infecção por Leishmania infantum em felinos domésticos no Estado da Bahia. 2020. 97p. Dissertação (Mestre em Ciência Animal nos Trópicos) – Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia – Universidade Federal da Bahia, 2019.
As leishmanioses apresentam um ciclo epidemiológico complexo com a participação de hospedeiros diversos, o que torna necessário investigar e ampliar o conhecimento sobre a infecção em animais que vivem em áreas endêmicas. Assim, o objetivo deste estudo foi determinar a ocorrência da infecção por Leishmania infantum em gatos domésticos oriundos de regiões endêmicas para leishmaniose zoonótica do estado da Bahia, além de caracterizar os casos positivos segundo aspectos clínicos, sorologia para anticorpos anti-Leishmania e presença de coinfecções comuns em felinos. Realizou-se, por meio de busca ativa nos municípios baianos de Muritiba, São Félix, Simões Filho, Camaçari e Feira de Santana, a avaliação clínica de 104 gatos e a colheita de amostras biológicas (sangue periférico e aspirados de medula óssea) para realização de teste sorológico imunocromatográfico TR-DPP® (Biomanguinhos), exame citológico para investigação de formas amastigotas de Leishmania sp., PCR convencional qualitativa para detecção de DNA de Leishmania infantum, FIV (Vírus da Imunodeficiência Felina), FeLV (Vírus da Leucemia Felina) e Mycoplasma sp. e exames de patologia clínica. Dos 104 gatos avaliados, 14 foram excluídos do estudo. As análises das amostras de 90 gatos revelaram que a infecção por L. infantum foi confirmada em 7,8% (7/90) dos gatos examinados pela PCR, três residentes no município de Muritiba, dois no município de Camaçari e dois no município de São Félix. Um (01) gato apresentou-se positivo à PCR para L. infantum, à pesquisa de formas amastigotas em exame citológico de aspirados de medula óssea e ao TR-DPP®, simultaneamente, embora tenha se apresentado sem alterações ao exame físico à primeira colheita (T1) e com exames hematológicos e bioquímicos dentro da faixa de normalidade na segunda colheita (T2), 22 dias após T1. Entretanto, aos 82 dias após T2 (T3) esse gato desenvolveu leishmaniose felina (LFe), caracterizada por linfadenomegalia, conjuntivite, e afta em cavidade oral, associadas a linfocitose, hiperproteinemia com hiperglobulinemia e elevação da fosfatase alcalina no soro, além de presença abundante de amastigotas em citologia de linfonodos e conjuntivas palpebrais; entretanto, o teste TR-DPP® resultou negativo em T3. Dos sete gatos positivos à PCR, apenas um apresentou positividade no teste TR-DPP®, perfazendo 1,1% de soropositividade confirmada. As alterações clínicas encontradas nos gatos positivos à PCR foram emagrecimento, desidratação, lesões crostosas em pontas de orelhas, alopecia, linfadenomegalia, espirros e complexo gengivite-estomatite. Houve apenas um gato 1,1% (1/90) coinfectado com L. infantum e FeLV, apresentando leve desidratação e áreas de alopecia circulares em região cervical ventral. Com base nos dados obtidos, podemos afirmar que infecção por L. infantum ocorre também em gatos nos municípios baianos Muritiba, São Félix e Camaçari. Os gatos infectados por L. infantum no presente estudo foram classificados como portadores de doença discreta. Mais estudos são necessários para um dimensionamento abrangente do número de gatos acometidos e estabelecimento da caracterização clínica e fisiopatológica desses hospedeiros em outros municípios do Estado da Bahia.
Palavras-Chave: Citologia; Gatos; Leishmaniose felina; PCR; Sorologia.