O uso de fontes de proteína não degradável no rúmen (PNDR) em dietas de alta energia pode ser uma alternativa para aumentar a eficiência do uso de nitrogênio (ENU) em ruminantes. Neste estudo, tivemos dois objetivos principais: 1) compreender como o teor de proteína da dieta e a ingestão de proteína degradável no rúmen (PDR) podem afetar a reciclagem de uréia e sua utilização. 2) como o teor de proteína da dieta e o perfil de aminoácidos da proteína metabolizável (MP) podem afetar a eficiência do uso de aminoácidos (AA) em bovinos Nelore em confinamento recebendo dietas de alta densidade energética. Assim, avaliamos os efeitos de diferentes fontes e níveis proteína na dieta de bovinos Nelore confinados que recebendo dietas de alto concentrado. Tivemos duas hipóteses principais: 1) reduzir o teor de N na dieta associado às fontes de PNDR pode aumentar a ENU por uma redução na concentração de NH3 ruminal, produção de uréia no fígado e excreção urinária de N, enquanto mantém o N disponível para a síntese de proteína microbiana (MICP) através da reciclagem de ureia. 2) existem diferenças na eficiência do uso de AA e a eficiência bruta de uso de AA é afetada por fatores dietéticos, como fontes e níveis de N. Essas hipóteses foram testadas utilizando seis novilhos Nelore, canulados no rúmen, duodeno e íleo com peso corporal inicial (PC) de 354 ± 11,8 kg e 18 meses de idade. Os animais foram distribuídos aleatoriamente para receber cada dieta por uma vez ao longo dos 6 períodos, em um quadrado latino 6 × 6. As dietas experimentais consistiram em 80% de concentrado e 20% de volumoso (base de MS), onde a cana-de-açúcar fresca foi usada como fonte de volumoso e os concentrados diferenciados em sua fonte de proteína. O farelo de glúten de milho (CGM) e os grãos secos de destilaria (DDG) foram utilizados como fonte de PNDR, com baixa e intermediária degradabilidade ruminal, respectivamente, e farelo de soja e ureia (SU) foram utilizados como fonte de PDR. Os tratamentos foram organizados em um fatorial A × B, onde o fator A consistiu em 3 fontes de proteína (FP; farelo de soja mais uréia, CGM e DDG) e o fator B consistiu em 2 níveis de proteína bruta (PB) na dieta (NP; 11 e 14% ). Não houve interação entre FP e NP sobre o consumo e digestibilidade de nutrientes (P > 0,05). Os animais alimentados com dietas com nível de inclusão de 11% de PB tiveram maior (P < 0,05) ingestão de carboidratos não fibrosos (CNF) e tenderam (P < 0,10) a ter maior ingestão de MS (% do PC e kg / dia), matéria orgânica (MO) e nutrientes digestíveis totais (NDT). A ingestão de PDR foi maior (P < 0,05) e a PNDR menor (P < 0,05) quando os animais foram alimentados com as dietas SU. Os animais alimentados com as dietas contendo DDG tiveram maior (P < 0,05) consumo de FDN comparado às dietas SU ou CGM. Os animais alimentados com DDG tenderam (P = 0,10) a apresentar maior digestibilidade aparente do trato total da FDN comparado aos alimentados com as dietas SU. Os animais alimentados com as dietas SU tiveram maior (P < 0,05) concentração de amônia ruminal (NH3-N) do que aqueles alimentados com CGM ou DDG. O fluxo de N microbiano e a eficiência de síntese de N microbiano não foram afetados pelo NP e FP. Os animais alimentados com as dietas SU tiveram menor (P < 0,05) ENU e maior taxa de entrada de ureia N (TEU). Além disso, o aumento do NP de 11 para 14% de PB tendeu (P < 0,10) a aumentar a TEU. Os animais alimentados com dietas SU tenderam (P < 0,10) a apresentar maior taxa de entrada de ureia no gastrointestinal (TEG) do que aqueles alimentados com dietas CGM ou DDG. Os animais alimentados com as dietas SU tiveram maior (P < 0,05) quantidade de ureia N retornando ao ciclo da ornitina (RCO) em comparação com os animais alimentados com as dietas. contendo CGM ou DDG. A quantidade de ureia reciclada utilizada para funções anabólicas (UUA) foi maior (P < 0,05) nos animais alimentados com 11% de PB, em comparação com aqueles alimentados com 14% de PB, quando predita pela equação do modelo de exigências nutricionais de gado de corte (BCNRM). Além disso, a UUA predita foi maior (P < 0,05) que a UUA mensurada. A quantidade de RCO expressa como proporção de TEU foi maior à medida que o NP diminuiu (P < 0,05). A ureia N excretada nas fezes (UFE) em proporção de TEG tendeu (P < 0,10) a ser maior nos animais alimentados com a fonte SU. A proporção da síntese de MICP (% do total de N microbiano) a partir da reciclagem da ureia foi maior (P < 0,05) nos animais alimentados com CGM em comparação com aqueles alimentados com as dietas SU e também pela redução do NP de 14 para 11% de PB. Quando a proporção da síntese de MICP a partir da reciclagem de ureia foi expressa como uma proporção de TEU e TEG, os animais alimentados com DDG tiveram o resultado mais alto. Os animais alimentados com as dietas contendo 11% de PB tiveram maior síntese de MICP a partir da reciclagem de ureia quando expressos como uma proporção de TEU (P < 0,05). Não houve interações entre FP e NP para o fluxo de qualquer AA avaliado (P > 0,05). O fluxo duodenal de AA essencial (AAE) e não essencial (AANE) não foram afetados (P > 0,05) pelas FP e NP. A concentração de prolina foi aumentada nas dietas SU, reduzida nas dietas CGM e não foi afetada nas dietas DDG pelo aumento no NP. Dietas contendo DDG e 11% de PB tenderam a (P < 0,10) a ter maior concentração de arginina e histidina nas bactérias do rúmen em comparação com as dietas SU ou GGM com 11% de PB; no entanto, não houve diferença entre as FP no nível de 14% de PB. A concentração de lisina nas bactérias do rúmen tendeu (P < 0,10) a ser maior à medida que o NP aumentou nas dietas CGM. A concentração de tirosina nas bactérias do rúmen tendeu (P < 0,10) a ser maior nos animais alimentados com as dietas contendo CGM em comparação aos animais alimentados com as dietas DDG. Além disso, o aumento do NP das dietas de 11 para 14% de PB tendeu (P < 0,10) a aumentar a concentração de tirosina na proteína microbiana. Os animais alimentados com DDG tenderam (P < 0,10) a ter maior fluxo de arginina, lisina e leucina de origem microbiana do que aqueles alimentados com as dietas contendo SU ou CGM. Os animais alimentados com DDG tiveram maior (P < 0,05) suprimento de AANE de origem microbiana do que aqueles alimentados com as dietas contendo SU, mas não diferiram dos animais alimentados com as dietas CGM. O suprimento de histidina e glutamato de origem microbiana foi maior (P < 0,05) pela inclusão de CGM ou DDG nas dietas em comparação com a fonte SU. Os animais alimentados com CGM ou DDG tenderam (P < 0,10) a apresentar maior fluxo de prolina e serina de origem microbiana do que aqueles alimentados com as dietas SU. Os animais alimentados com CGM ou DDG tenderam (P < 0,10) a ter maior fluxo de AAE, arginina, isoleucina e valina da fração PNDR. O suprimento de leucina da fração PNDR foi maior (P < 0,05) nos animais alimentados com CGM ou DDG em comparação com aqueles alimentados com as dietas SU. A concentração de histidina no plasma tendeu (P < 0,10) a ser maior nos animais alimentados com as dietas DDG. A concentração plasmática de leucina foi maior (P < 0,05) nos animais alimentados com CGM ou DDG em comparação com aqueles alimentados com as dietas SU. Os animais alimentados com as dietas contendo 14% de PB tiveram maior (P < 0,05) concentração de leucina em comparação com as dietas contendo 11% de PB. A concentração plasmática de fenilalanina foi maior (P < 0,05) nos animais alimentados com as dietas contendo CGM ou DDG em comparação com aqueles alimentados com as dietas SU. A concentração de valina plasmática foi maior (P < 0,05) nos animais alimentados com as dietas com um nível de PB de 14% em comparação com aqueles alimentados com as dietas contendo 11% de PB. A concentração plasmática de glutamina foi maior (P < 0,05) nos animais alimentados com as dietas SU em comparação com aqueles alimentados. com CGM ou DDG. A concentração plasmática de glicina foi maior (P < 0,05) nos animais alimentados com as dietas SU em comparação com aqueles alimentados com as dietas contendo CGM ou DDG. Houve interações, ou tendências para interações, entre FP e NP sobre a utilização bruta de AA de todos os AA avaliados, exceto para metionina e cistina. A utilização de arginina e histidina foi maior nos animais alimentados com as dietas contendo 11% de PB com DDG e 14% de PB com CGM. Os animais alimentados com a dieta contendo 11% de PB e DDG tiveram maior eficiência de uso de isoleucina, lisina, fenilalanina, treonina valina, alanina, ácido aspártico, glutamato, prolina, serina e tirosina do que outras dietas, exceto a dieta de 14% de PB com CGM que não diferiu. A utilização de metionina e cistina não foi afetada por FP ou NP (P > 0,05). A eficiência de uso de AA é afetada pelos níveis e fontes de proteína na dieta. Nossos resultados sugerem que é possível aumentar a suprimento de AA essencial usando CGM ou DDG (fontes RUP) na dieta em comparação ao farelo de soja mais ureia, especialmente em situações em que seja possível aumentar o fluxo de proteína microbiana. Os resultados deste estudo indicam que o nível de 11% de PB pode ser usada para bovinos Nelore em confinamento alimentados com dietas de alto concentrado, sem afetar negativamente a ingestão de nutrientes, a digestibilidade e a fermentação ruminal. Além disso, nas atuais condições experimentais, as fontes de PNDR testadas aumentaram acentuadamente a ENU, mantendo a síntese do MICP constante pelo estímulo do uso de uréia reciclada para o crescimento microbiano. Além disso, a eficiência bruta de uso dos AA é afetada pelos níveis e fontes de proteína na dieta.