Tendo em vista a importante presença das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs), em especial da internet, no cotidiano dos grupos do movimento LGBT ( Lésbicas, Gays, Travestis e Transexuais) brasileiro, o presente trabalho buscou responder as seguintes questões: que impactos os empregos das (NTICs) trazem para a dinâmica organizacional do movimento? Quais mídias sociais digitais são utilizadas, como, quando e com quais propósitos são empregadas? Quais repertórios de ação o emprego da internet disponibiliza? Quais as rotinas de ação existentes no ciberespaço? Que resultados trazem para a ação política do movimento? Para tanto, a metodologia empregada foram entrevistas semi estruturadas com representantes dos grupos LGBTs que fazem parte da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Travestis e Transexuais (ABGLT) e leituras dos sites e blogs das entidades. A internet, na medida em que serve como meio e espaço para a ação política, disponibiliza alguns repertórios de ação. Tais repertórios implicam em rotinas que se dão pela internet, devido ao fato dos grupos a utilizarem como meio para a ação, e na internet, tendo em vista que algumas rotinas acontecem no ciberespaço. Com a pesquisa, foram identificados dois repertórios disponibilizados pelo ciberespaço. O primeiro é o repertório de mobilização online, no qual os militantes, por meio de rotinas de ação como panfletagem online, abaixo assinados online, petições públicas, twitaço, têm atingido e mobilizado a comunidade LGBT e a população em geral em torno de suas atividades. O segundo é o repertório de interação online. O facebook, blogs, sites, e-mail se configuram como recursos por meio dos quais os grupos podem ecoar seus valores, preocupações e interesses. Essas mídias também são espaços onde os grupos interagem com seu público alvo, simpatizantes, grupos do movimento LGBT e seus parceiros, tais como outros movimentos sociais, parlamentares, organizações internacionais. O repertório de interação online para o movimento LGBT traz impactos sobre as relações dos grupos com o seu público e a população em geral. Ao contrário do que diz parte da literatura sobre participação, novas formas de ativismo e internet, em relação ao movimento LGBT, a interação estabelecida por meio da utilização das novas tecnologias de comunicação e informação tem resultado na criação de novos vínculos, em mudanças
significativas nas relações interpessoais e em comprometimentos que geram participação offline.Tais mudanças estão vinculadas a uma característica específica do movimento, a dificuldade de interpelar o seu público alvo, e à ruptura da dicotomia dentro e fora do armário proporcionada pela utilização dos recursos do ciberespaço. Tendo em vista a utilização da internet pelo movimento, os recursos do ciberespaço se configuram também como esfera pública deliberativa, fato que traz como impacto para os grupos a aceleração de suas políticas e a viabilização de ações entre as entidades e parceiros da ABGLT. Além disso, por meio das mídias sociais digitais os grupos divulgam informações e notícias para o seu público e a população em geral e também complementam, aprofundam e qualificam informações sobre fatos que dizem respeito à comunidade LGBT e que foram trazidos à cena pública por outras mídias.