O objetivo do presente estudo foi determinar os efeitos da adição de ácidos orgânicos
(ACO; Mold-Zap®) na dieta total (TMR) e da frequência de fornecimento da TMR para
vacas leiteiras em lactação sobre o consumo e digestibilidade aparente total de matéria
seca (MS) e nutrientes, índice de seleção de partículas, comportamento alimentar,
fermentação ruminal, produção e composição do leite, síntese de proteína microbiana,
balanço de nitrogênio, concentração de metabólitos sanguíneos e temperatura da TMR.
A hipótese do presente estudo afirma que a adição de ACO diretamente à TMR, é capaz
de minimizar sua deterioração, permitir a redução de frequência de fornecimento dos
alimentos e influenciar positivamente o desempenho produtivo de vacas em lactação.
Foram utilizadas 24 vacas da raça Holandesa em lactação, sendo 4 delas canuladas no
rúmen, com 247 ± 109 dias em lactação, 672 ± 71,6 kg de peso corporal e 31,1 ± 5,37 kg
de produção diária de leite ao início do experimento, as quais foram distribuídas em
quadrados Latinos 4 x 4, balanceados e contemporâneos, em arranjo fatorial 2 x 2 e
atribuídas aleatoriamente aos seguintes tratamentos: 1) controle 1 (CO1), dieta basal,
ofertada uma vez ao dia, pela manhã; 2) ACO 1, dieta basal associada aos ACO, ofertada
uma vez ao dia, pela manhã; 3) controle 2 (CO2), dieta basal, ofertada duas vezes ao dia,
pela manhã e no início da tarde; e 4) ACO 2, dieta basal associada aos ACO, ofertada
duas vezes ao dia, pela manhã e no início da tarde. Cada período experimental teve
duração de 21 dias, sendo 14 dias destinados à adaptação aos tratamentos e 7 dias às
coletas de dados e mensuração de variáveis. Não foi observado efeito dos ACO sobre o
consumo e digestibilidade aparente total da MS e nutrientes. Vacas alimentadas duas
vezes por dia selecionaram mais partículas menores que 4 mm (P = 0,012), e as que
receberão adição de ACO na TMR apresentaram tendência (P = 0,096). Além disso, vacas
alimentadas uma vez por dia tenderam a aumentar a seleção de partículas entre 8 e 19 mm
(P = 0,055). A adição de ACO na TMR diminuiu o tempo em que os animais
permaneceram em pé (P = 0,019) e provocou uma tendência a aumentar o tempo bebendo
água e comendo (P ≤ 0,095), além de reduzir o tempo de ócio (P = 0,045) e gerar uma
tendência à redução do tempo de ruminação (P = 0,057). Os animais alimentados uma
vez por dia passaram mais tempo bebendo água (P = 0,021). Houve tendência ao aumento
do coeficiente de digestibilidade de FDN das vacas alimentadas duas vezes ao dia (P =
0,075), no entanto, os ACO e a frequência de alimentação não influenciaram o pH
ruminal, a concentração de N-NH3 e a produção de AGCC, assim como o balanço de
nitrogênio. Além disso, a adição de ACO ou a frequência de alimentação não afetaram o
nitrogênio ureico e a glicose sérica , bem como a variação na ingestão de nitrogênio e
nitrogênio fecal e urinário, embora o uso de ACO tenha melhorado o nitrogênio do leite
e afetado a síntese de alantoína do leite (P ≤ 0,033), sem afetar a síntese de proteína
microbiana. Ademais não foram observados efeitos sobre a produção de gordura e o teor
de gordura do leite e sobre a eficiência produtiva. A adição de ACO melhorou a produção
de leite, proteína e lactose (P ≤ 0,034), e gerou tendência ao aumento do leite corrigido
para gordura (P = 0,064), além de manter a temperatura da TMR estável por mais tempo
em relação à TMR que não recebeu adição de ACO (P = 0,07). Além disso, houve
interação entre ACO e da frequência de alimentação sobre o teor de lactose e proteína do
leite (P ≤ 0,096). Dessa forma, a utilização de ACO na TMR de vacas em lactação
resultou em melhor desempenho produtivo.
Palavras-chave: Ácido propiônico. Produção de leite. Temperatura de cocho.