A dissertação "Articulação e Imanência a partir do De Motu Animalium" visa refletir acerca do movimento em sua capacidade "articular" e a realização da forma humana de vida. Baseados na noção que entes naturais se realizam pelo movimento, relacionamos analogicamente a "articulação" enquanto parte de um todo composto, e a forma no sentido aristotélico, que rege o modo geral de certa organização funcional, e que especifica o que é ser certa criatura. O primeiro termo da analogia refere-se ao movimento local (segundo a categoria de espaço), e o segundo ao movimento ontológico. Nesta relação analógica, a forma e a articulação convergem para o posto daquilo que une certos componentes e determina uma estrutura, assim, o recurso à anlogia tem por finalidade descrever mais vividamente o sentido funcional de ambas, além de introduzir o problema: apesar das mudanças visivelmente incontestáveis que ocorrem no plano físico, ninguém deixa de ser o que é por causa delas, aliás, só permanece sendo devido à elas, e isto mostra que há uma interdependência entre o físico e o ontológico. Para enfrentarmos este problema adotamos a concepção aristotélica da imobilidade como princípio do movimento. A nossa hipótese é que, se o movimento parte da imobilidade, o princípio e o fim deste fenômeno coincidem, e isto garante a sua continuidade; por isso, o objetivo geral desta dissertação é entrever nos âmbitos físico e ontológico o motor imóvel como princípio subjacente ao movimento humano. Como primeiro capítulo apresentamos algumas considerações acerca do enraizamento da concepção aristotélica de movimento. Em seguida, realizamos, no segundo capítulo, uma análise da relação forma e matéria e, no terceiro, uma análise dos recursos da imanência do ser. Cumprindo este percurso, nos encaminhamos paulatinamente para o quarto capítulo, o exame fenomenológico da performance paralímpica do atleta Oscar Pistorius. Escolhemos esta manifestação singular do fenômeno do movimento para aplicar o conceito do motor imóvel, que consiste em: durante a análise remeter especificamente cada mudança que ocorre ao ponto de apoio do qual ela se origina, e de maneira geral fazer uma divisão entre partes moventes e partes móveis. O mesmo fenômeno observado das perspectivas física e ontológica deve mostrar as semelhanças e as diferenças da analogia.