As doenças virais são uma das principais causas de morbidade e mortalidade do mundo, principalmente levando em consideração vírus negligenciados e/ou emergentes, capazes de provocar epidemias, ou o surgimento de novos vírus altamente patogênicos, capazes de se disseminar em todo território mundial. O aumento da resistência aos medicamentos e a constante replicação viral têm sido o gatilho para importantes estudos em terapias antivirais, buscando identificar compostos com atividade promissora. Os líquidos iônicos (LIs) têm atraído considerável atenção nos últimos anos devido às suas propriedades químicas e físicas relevantes, que os tornam moléculas mais estáveis e versáteis, expressando em sua estrutura constituintes que podem ser usados para otimizar suas propriedades e interagir com enzimas e receptores. Dessa forma, o presente estudo, avaliou a possível atividade antiviral in vitro, de cinco LIs, aqui denominados JCZ105, JCZ107, JCZ108, C18MImCl e C16PyrCl, frente ao vírus Chikungunya (CHIKV). Os compostos JCZ foram previamente avaliados in silico, indicando uma baixa toxicidade. Inicialmente estabeleceu-se a citotoxicidade, a partir de concentrações seriadas em células da linhagem Vero. A interferência na replicação viral foi avaliada através da redução do número de placas de lise, utilizando concentrações determinadas por meio do ensaio de citotoxicidade. Ensaios adicionais de mecanismos de ação foram realizados para os compostos C18MImCl e C16PyrCl. Os resultados demostram que os compostos JCZ não promovem inibição viral. Já os compostos C18MImCl e C16PyrCl inibiram cerca de 37% a replicação viral nas concentrações de 5 μM, além de uma redução significativa do diâmetro da placa de lise formada em cerca de 90%. Quanto aos ensaios de mecanismo de ação, ambos os compostos avaliados apresentaram inibição de cerca de 97% (em 5 μM) e 77% (em 2,5 μM) no ensaio de adsorção viral. Já no ensaio de tempo de adição, houve um aumento expressivo na replicação viral, a ponto de romper totalmente a monocamada, impossibilitando a quantificação. Adicionalmente, avaliamos a exposição das células VERO aos compostos anteriormente à inoculação viral, sendo estes mantidos também durante o ensaio de placa, a fim de verificar a interferência dos compostos nas membranas celulares e sua possível indução a inibição da replicação viral. Apesar de nenhuma ação antiviral completa ter sido observada, C18MImCl e C16PyrCl apresentaram inibição parcial frente CHIKV e estes dados nos fornecem informações que podem futuramente auxiliar na síntese de novos compostos com alterações estruturais, visando potencializar na atividade antiviral.